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Etanol: consórcio de bancos abrirá linha de crédito para ajudar o setor

O setor sucroalcooleiro foi muito afetado pelas recentes quedas do petróleo no mercado internacional; expectativa de baixa demanda por conta do coronavírus foi o motivo

O secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, disse nesta segunda-feira, 27, que o governo negocia com um consórcio de bancos a abertura de linha de crédito para empresas em cinco setores bastante afetados pela pandemia da Covid-19, entre eles o sucroalcooleiro.

Segundo ele, a linha especial de crédito será voltada para empresas desses setores com faturamento anual acima de R$ 300 milhões. Costa disse ainda que cada setor terá uma solução específica de acordo com as suas peculiaridades. “Teremos hoje [segunda] mais uma reunião e podemos incluir mais três ou quatro setores. A ideia é encontrar soluções privadas para garantir que as empresas continuem operando sem envolver recursos públicos”, completou.

Fazem parte desse consórcio Banco do Brasil, Itaú, Santander, Bradesco, BNDES, Banco Central e o Ministério da Economia, de acordo com o secretário. Representantes de cada instituição se unem em subgrupos para debater medidas específicas para cada setor selecionado. A expectativa é de que os grupos proponham soluções de crédito, fusões e aquisições.

O setor sucroalcooleiro foi muito afetado pelas recentes quedas do petróleo no mercado internacional. A commodity chegou a ser negociada a preços negativos, influenciada pela expectativa de pouca demanda por conta do novo coronavírus.

Ajuda ao setor

A crise política ocasionada pela exoneração do ex-diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, e o consequente pedido de demissão do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, atrasaram a possível aprovação de medidas de auxílio ao setor sucroalcooleiro. De acordo com fontes do Ministério da Agricultura, desde a última quarta-feira, 22, as demandas de redução temporária de PIS/Cofins do etanol e aumento da Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina estão sob a mesa do presidente da República, Jair Bolsonaro, à espera de aprovação. A expectativa da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, era de que essas propostas fossem aprovadas e publicadas no Diário Oficial da União na semana passada, mas os planos foram frustrados.

Interlocutores do governo não souberam afirmar para quando seria possível estipular um novo prazo para a aprovação. Na manhã desta segunda, Tereza Cristina concedeu coletiva de imprensa ao lado do presidente na saída do Palácio do Alvorada. Ao se pronunciar, porém, a ministra não tratou do tema sucroenergético.

Em paralelo, o Ministério da Economia segue em debate, junto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), sobre a viabilização da demanda de criação de linha de crédito para estocagem de etanol. A expectativa do setor é de que, pelos menos, 6 bilhões de litros de biocombustível possam ser armazenados – e pagos – por meio de títulos de garantia. A operação, chamada de warrantagem, segue pendente pela dificuldade de encontrar fundos compatíveis com os custos do procedimento.