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Etanol e açúcar: usinas não conseguem financiar início da safra

As mais capitalizadas chegaram a receber propostas de crédito do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), mas a custos considerados inviáveis

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Foto: Canal Rural

As usinas sucroalcooleiras que não estavam com posição confortável de liquidez antes da crise estão tendo dificuldades em acessar novos financiamentos neste início de safra, de acordo com a consultoria Safras. Enquanto isso, as mais capitalizadas chegaram a receber propostas de crédito do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), mas a custos considerados inviáveis.

Na avaliação de fontes de mercado, a crise apenas agravou uma disparidade que já existe no setor, em que 30% têm melhores condições financeiras e acesso facilitado a crédito, enquanto os demais já enfrentam mais dificuldades após sucessivas crises no segmento. No início da crise, usinas representadas pela NovaBio, localizadas principalmente do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, reclamaram de “empoçamento de crédito” e, “nos casos raros de empréstimos, sem a mínima paridade com a queda da Selic, inclusive para riscos considerados muito adequados”, conforme reportagem do Valor Econômico.

As usinas do Centro-Sul, “em geral, não estão [conseguindo financiamento]”, afirmou Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica). Por enquanto, o financiamento das operações da safra na região, que começou em abril, tem ocorrido com capital de giro próprio, decorrente das vendas enfraquecidas de etanol e de açúcar para os mercados interno e externo.

A dificuldade de acesso a financiamentos novos, porém, deve tornar ainda mais difícil a vida das empresas que estavam em situação financeira intermediária e que no início do ano contavam com as perspectivas positivas para os mercados de açúcar e etanol para se reorganizar.

O setor acompanha agora as discussões que o Ministério da Agricultura está capitaneando em Brasília para que o Banco do Brasil crie uma linha de financiamento de capital de giro, amparada pela emenda constitucional que criou o Orçamento de Guerra, que permite compra de títulos privados pelo Banco Central.

A proposta é que a linha seja vinculada aos estoques, em que as usinas ofereceriam como garantia o próprio etanol, através do título CDA/WA. Quando pediram a criação de uma linha de financiamento de estoques, as usinas propuseram custo de R$ 1,50 por litro tanto para o etanol anidro como hidratado. “Quando pedimos esse financiamento, é porque acreditamos que lá na frente o produto vai ter remuneração que vai pagar o custo do financiamento e da certificadora [de garantia]”, disse Padua.