Agricultura

Datafolha: 78% da população acha que agroquímicos são inseguros

Miguel Daoud, comentarista do Canal Rural, afirma que visão dos brasileiros é influenciada por grandes campanhas contra o uso de produtos químicos

Uma pesquisa do Datafolha, publicada nesta quarta-feira, dia 24, pelo jornal Folha de S. Paulo revelou que 78% dos brasileiros acham que o consumo de alimentos com agroquímicos são inseguros ou um pouco inseguros para a saúde humana.

Os pesquisadores fizeram a seguinte pergunta: “pelo que você sabe ou ouviu falar, o consumo de alimentos que usam agrotóxicos são seguros ou não para a saúde humana? Muito ou um pouco?”. De acordo com levantamento do instituto, 18% dos brasileiros acham muito seguro ou um pouco seguro o consumo de alimentos que usam agroquímicos. Os que não acham nem seguro e nem inseguro atingiu 1% e os que não sabem somaram 3%.

O Datafolha entrevistou 2.086 pessoas com 16 anos ou mais em 130 municípios brasileiros, nos dias 4 e 5 de julho. A margem de erro máximo é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

Miguel Daoud, comentarista do Canal Rural, afirma que essa percepção da população sobre agroquímicos é influenciada por grandes campanhas contra o uso destes produtos.

“O Brasil usa muito menos agroquímicos que o Japão e a própria Europa. Uma vez que nós vivemos em um país tropical, estamos sujeitos a incidência de mais pragas e fungos, ao contrário de países do Hemisfério Norte, que possuem inverno rigoroso que diminui esse tipo de problema. E, mesmo assim, não usamos tantos produtos”, comenta.

Um levantamento feito pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) indicou que o Brasil ficou na 44º posição em um ranking sobre uso de defensivos agrícolas. Segundo os dados da entidade, o consumo relativo no Brasil foi de 4,31 quilos de defensivos por hectare cultivado em 2016. Entre os países europeus que utilizam mais defensivos que o Brasil, aparecem Países Baixos (9,38 kg/ha), Bélgica (6,89 kg/ha), Itália (6,66 kg/ha), Montenegro (6,43 kg/ha), Irlanda (5,78 kg/ha), Portugal (5,63 kg/ha), Suíça (5,07 kg/ha) e Eslovênia (4,86 kg/ha).

Daoud ressalta ainda que atualmente não há nenhum estudo científico que faça uma ligação entre a utilização de agroquímicos na agricultura com o comprometimento da saúde de brasileiros. “Não há casos de contaminação na sociedade. O que pode existir são algumas incidências por questões de manejo dos produtos, de uso inadequado na hora da aplicação do agroquímico”, afirma.

Combate à desinformação

Recentemente, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, defendeu combater a desinformação sobre o uso de defensivos agrícolas no país. Para a ministra, existe um viés ideológico no compartilhamento de informações que só traz prejuízos para o país.

Ela lembrou ainda que os produtos brasileiros são seguros e continuam a ser exportados para outros países. “O Brasil exporta para 192 países no mundo. Se a gente tivesse os limites de resíduos acima do permitido, a gente estaria exportando nossos produtos?”, questionou.

Ela também explicou que, com a regulamentação de mais produtos, o agricultor tem usado menos defensivos agrícolas: “A gente tem aí um acompanhamento que mostra que com a liberação de mais moléculas, o produtor vem usando menos, porque está usando produtos melhores. Ao invés de estar pulverizando uma ou duas vezes mais a sua lavoura com produtos que não têm mais efeito como deveriam ter”.

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