Agricultura

Decifrando o Plano Safra 2020/2021: entenda os destaques do novo programa

Promessa de apoio a pequenos e médios produtores foi cumprida com mais recursos e melhores condições, mas grandes foram beneficiados com maior queda nos juros

Volume de recursos

  • Volume de recursos e equalização das taxas confirmam promessa da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, de mais recursos e melhores condições de financiamento para pequenos e médios produtores
  • Para os médios produtores, o valor para custeio do Pronamp passou de R$ 23,8 bilhões para R$ 29,4 bilhões, alta de 23,5%; destaque para aumento de 47,5% para juros equalizados
  • Para os pequenos produtores, o volume total de custeio do Pronaf passou de R$ 18,3 bilhões para R$ 19,4 bilhões, crescimento de 6,1%; aumento de 30,5% para microprodutores e 0,6% para pequenos produtores a juros equalizados
  • Em relação aos grandes produtores, o volume para custeio passou de R$ 127,3 bilhões para R$ 130,6 bilhões, alta de 2,6%; queda de 12,5% a juros equalizados
  • Comentaristas Ivan Wedekin e Benedito Rosa elogiam volume de recursos, taxas de juros e coerência do Plano Safra 2020/2021, mas lembram que é preciso diminuir burocracia

A ministra prometeu apoio aos pequenos e médios produtores com mais recursos e melhores condições de financiamento. Essa promessa pode ser verificada nos volumes de recursos e na equalização das taxas, porém, em relação aos juros, houve maior queda para grandes produtores.

O volume de recursos para custeio dos médios produtores (Pronamp) cresceu 23,5%, para R$ 29,4 bilhões, com destaque para o aumento de 47,5% a juros equalizados. Para o custeio de pequenos produtores (Pronaf), houve aumento de 6,1% no volume, com R$ 19,4 bilhões para este ano, em alta de 30,5% a juros equalizados para a Faixa 1 (microprodutores) do programa.

Em relação ao custeio dos grandes produtores, houve alta de 2,6% para R$ 130,6 bilhões, porém, com queda de 7,5% dos recursos controlados e de 12,5% a juros equalizados. Esses dados estão em linha com a promessa da Ministra Tereza Cristina.

Taxa de juros

Ranking de maiores quedas das taxas de juros em investimento:

  • Moderinfra e Moderagro de 8% para 6%
  • PCA de 6% a 7% para 5% a 6%
  • Programa ABC de 5,25% a 7% para 4,5% a 6%
  • Inovagro de 7% para 6%
  • Pronamp de 7% para 6%
  • Moderfrota de 8,5% para 7,5%

Ranking de maiores quedas das taxas de juros em custeio e comercialização:

  • Grandes produtores de 8% para 6%
  • Pronamp (médios) de 6% para 5%
  • Pronaf (pequenos) de 3% a 4,6% para 2,75% a 4%

Em relação às taxas de juros para investimento, os programas que tiveram maior redução de taxas foram o Moderinfra e o Moderagro, com taxas de 6% ao ano. Em segundo lugar, o PCA, com taxas que vão de 5% a 6% ao ano. Em seguida, o Programa ABC, com juros de 4,5% a 6% ao ano, o Inovagro e o Pronamp, com 6% ao ano. Por fim, a menor queda foi registrada no Moderfrota, com taxas em 7,5% ao ano.

Considerando as taxas de juros para custeio e comercialização, a maior queda foi registrada para os grandes produtores, que passaram de juros de 8% para 6% ao ano. Em segundo lugar, o Pronamp, no qual a taxa passou de 6% para 5%. E, por fim, o Pronaf, onde foi de 3% a 4,6% ao ano para 2,75% a 4% ao ano.

Ainda que as taxas para grandes produtores tenham apresentado as maiores quedas, é importante ressaltar que os juros cobrados no Pronaf são os que mais se aproximam da taxa Selic, que ficou em 2,25% ao ano, em decisão anunciada nesta quarta-feira, 17, pelo Copom.

Comentaristas do Canal Rural elogiam volume de recursos e taxas de juros, mas lembram que é preciso diminuir burocracia

Os comentaristas do Canal Rural Ivan Wedekin e Benedito Rosa elogiaram o Plano Safra 2020/2021. Wedekin destacou as reduções das taxas de crédito rural, a competitividade das taxas de juros para investimentos e o grande volume de recursos destinado a essas linhas, de forma que ficaram até acima das expectativas. Rosa lembrou que o plano está coerente com as diretrizes do governo. A redução dos subsídios oferecidos aos grandes produtores se dá com a transferência de recursos para os pequenos e médios, disse. Ele também destacou o grande esforço do governo em aumentar o volume de subvenção para o seguro rural.

Em relação aos pontos negativos do programa, Ivan Wedekin afirmou que o Brasil precisa de uma reforma microeconômica em relação ao crédito rural, pois, segundo ele, o produtor paga caro por “uma série de penduricalhos” vinculados ao sistema. Nesse sentido, medidas do Banco Central como a digitalização da intermediação financeira devem ajudar. Adicionou ainda que é preciso simplificar a burocracia para a tomada de crédito.

Benedito Rosa concordou que é preciso facilitar o acesso ao crédito do produtor e que também seria importante que o governo não levasse as negociações até muito próximo do anúncio do Plano. Segundo ele, um anúncio no início do ano traria mais tranquilidade e segurança para o produtor decidir seus investimentos.