EXCLUSIVO: juros do novo Plano Safra podem chegar a 8%

André Nassar diz que taxas devem se aproximar da Selic, que está em 12,75%O novo secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura afirma que o aumento de juros do novo Plano Agrícola e Pecuário deverá ficar abaixo da taxa Selic, atualmente em 12,75%.

Fonte: Pixabay

Atualmente, a Selic está em 12,75%, quase dois pontos percentuais a mais do que em junho do ano passado, quando a taxa era de 11%. No lançamento do Plano Safra 2014/2015, em maio passado, o aumento médio foi de um ponto percentual, deixando as faixas de juros entre 4% e 6,5%, conforme a modalidade de financiamento.

Na época, o Ministério da Agricultura argumentou que o aumento nos juros foi menos que o aumento da Selic, que estava 1,5 ponto percentual mais alta que em 2013. Se o novo plano safra seguir a mesma lógica, como afirmou André Nassar, os juros do custeio, os mais altos do Plano Safra 2014/2015, poderão ficar em torno de 8% – antes do anúncio do próximo plano safra, o Conselho de Política Econômica e Monetária (Copom) deve se reunir mais uma vez e há chances de que a Selic suba ainda mais.

Seguro rural

O encontro durou cerca de duas horas e tratou, principalmente, de seguro rural. André Nassar prometeu avaliar as demandas trazidas pelo setor e ter respostas até junho, quando deve ser lançado o novo Plano Safra. Entre os principais pontos pedidos estão a liberação de recursos atrasados e futuros e impedir a venda casada dos bancos. A reformulação do modelo de seguro rural também está entre as prioridades do novo secretário, mas só deve avançar a médio prazo, de dois a três anos.

Em uma rápida entrevista, André Nassar falou sobre juros, plano safra e financiamentos. Mas adiantou que está chegado ao Ministério da Agricultura e, por isso, ainda não tem todas as respostas às demandas do setor.

Em uma rápida entrevista, André Nassar falou sobre juros, plano safra e financiamentos. Mas adiantou que está chegado ao Ministério da Agricultura e, por isso, ainda não tem todas as respostas às demandas do setor. Veja as respostas do novo secretário de Política Agrícola:

As taxas de juros para o próximo plano devem aumentar em quanto?
Estamos negociando. Uma regra de bolso é que subiu a Selic, então tem que ter alguma aproximação, algum aumento. Ainda é cedo pra falar, mas como a Selic subiu fica muito difícil emprestar custeio com taxas que são muito inferiores à Selic, porque o diferencial é muito grande, tem que haver um realinhamento. Mas ainda assim, será na direção que todo mundo espera, inferior à Selic.

Quando serão liberados os R$ 300 milhões do seguro rural que os agricultores ainda esperam?
O que importa é a regra, o dinheiro vai ser usado, agora estamos correndo atrás para liberar. Está dentro do prazo ainda, as apólices não venceram. Nós temos um tempinho para fazer o dinheiro chegar. Não é algo que, se não chegar amanhã, para tudo e as seguradoras vão cobrar dos produtores, não é isso. A gente está trabalhando dentro de um prazo que faz sentido, este mês, mês que vem no máximo. Uma meta para este ano é fazer o seguro crescer, virar um programa maior e muito mais relevante.

Os produtores reclamam também do atraso no financiamento de pré-custeio. Como está isso?
Nós não temos plano safra novo, que vem com mudança, você não consegue fazer pré-custeio sem um plano safra novo. O que vai ter é algum financiamento para capitalizar os produtores, os bancos estão se organizando pra isso. Mas o pré-custeio só vai existir no momento que a gente lançar o plano de safra. A gente ainda não sabe quando, se na data normal ou se vamos antecipar, isso está sendo pensado ainda.

A ministra Kátia Abreu falou em antecipar para maio.
Ainda não está certo antecipar, estamos consultando o setor, a ministra falou em maio ou até o final de maio.

Em relação aos preços mínimos das culturas, quando serão definidos?
Tem que definir logo porque vai começar a safra nova. O que nós queremos fazer é uma discussão mais ampla, se aprofundar no processo de decisão desses preços mínimos, quais são as variáveis, porque sempre tem muita discussão entre o que a gente no ministério faz com a Conab e o que o setor produtivo apresenta. Então a gente quer criar um mecanismo para ter um consenso mais claro do setor produtivo sobre os cálculos que o governo faz.

Edição de Gisele Neuls