Feijão

Feijão carioca: Embrapa inova com cultivar resistente a doenças

De acordo com a empresa, o produto lançado recentemente também apresenta alta produtividade, estimada em 4.500 kg por hectare

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Cultivar de feijão carioca BRS FC402. Foto: Pedro Sarmento/Embrapa

A safra de verão está começando e cultivar de feijão carioca BRS FC402, lançada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), tem despertado o interesses dos produtores brasileiros. De ciclo normal, entre 85 e 94 dias da emergência à maturação, o produto se destaca pela excelente produtividade, resistência inédita a doenças e alta qualidade de grãos, segundo a entidade.

Os trabalhos foram desenvolvidos pela equipe de melhoramento de feijão da Embrapa Arroz e Feijão, com grande expectativa de que substitua junto aos produtores a Pérola, lançada no mercado em 1996, outra cultivar da empresa, que sempre teve grande aceitação e adoção.

“A BRS FC402 pode contribuir de forma eficiente para a sustentabilidade da cultura do feijão-comum no agronegócio brasileiro. Ela se destaca, em relação às suas antecessoras, por maior produtividade de grãos, apresentando potencial médio de 4.500 kg por hectare, e resistência à antracnose e à murcha-de-fusário, dois dos principais problemas que atacam essa lavoura. Sua excelente sanidade e versatilidade permitem adoção em diversos ambientes e condições, sendo indicada para todas as regiões produtoras”, diz a Embrapa.

O maior impacto deve ocorrer, principalmente, no cultivo de inverno, sob pivô central, e em áreas antigas e de uso intenso, devido à sua resistência à murcha-de-fusário. Na época “das águas”, é indicada para regiões com altitude elevada e em todo o Centro-Sul do Brasil, em virtude de sua resistência à antracnose.

Com relação às características de qualidade de grãos, a cultivar BRS FC402 possui alto valor nutricional, com teores de ferro 4,5% acima da Pérola e 19% da BRS Estilo; e 7% de zinco acima das duas testemunhas. Os grãos têm coloração uniforme e clara, com estrias também claras, características desejadas pela indústria e consumidores, apresentando-se de alto valor comercial. A cultivar possui arquitetura semiereta, com tolerância intermediária ao acamamento, podendo ser utilizada para colheita mecânica, inclusive direta.

Segundo Pedro Henrique Sarmento, especialista de Transferência de Tecnologia da Embrapa Arroz e Feijão, um ponto que se destaca nessa cultivar é a sua capacidade de se manter com plantas uniformes, saudáveis e produtivas, mesmo em ambientes que, para outras, sejam suscetíveis a doenças de solo e comprometimentos diversos.

“Geralmente, locais onde se produz o feijão são menos equilibrados, em relação a biologia do solo, são pivôs antigos, até, às vezes, com manejos inadequados. Fomos a uma área no município de Acreúna, em Goiás, em que o produtor plantou, lado a lado, o BRS 402 e outra cultivar em lançamento. Vimos esta outra bastante comprometida por doenças de solo, como a murcha-de-fusário e nematoides, enquanto a 402 estava intacta e se desenvolvendo dentro das expectativas”, afirma.