Milho

Milho: plantio começa nos EUA com expectativa de corte na área plantada

Apesar de USDA estimar alta de 8% na área semeada, consultoria AgResource comenta que menor demanda por etanol no país pode reduzir número nos próximos relatórios

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Plantio de milho nos Estados Unidos no ciclo 2019/2020 – Foto: Tarso Veloso

O plantio do milho na temporada 2020/2021 já começou para os norte-americanos. De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o domingo, 12, a semeadura do cereal atingia 3% da área estimada, contra 4% na média dos últimos cinco anos e 3% no mesmo período do ano passado.

Apesar desse início, a consultoria AgResource comenta que por conta do clima ainda frio no norte do país, os trabalhos acontecem em regiões do extremo sul de Illinois e de Ohio. “Agora a temperatura é 0 ºC e negativa nas noites, então não há muito trabalho para o norte”, diz. Ele afirma que até o momento, o clima no país segue frio, mas menos úmido quando comparado ao ano passado, quando produtores sofreram com problemas climáticos.

Neste ciclo, a estimativa é que a área plantada alcance 39,2 milhões de hectares (97 milhões de acres), contra 36,3 milhões de hectares (89,7 milhões de acres) no ano passado. Com isso, a alta seria de 8%, segundo o último relatório do Serviço Nacional de Estatísticas Agrícolas do USDA, de 31 de março.

No entanto, o analista de mercado da consultoria AgResource Tarso Veloso comenta que a área plantada ainda pode diminuir. Isso porque a estimativa foi realizada em fevereiro, antes dos impactos do novo coronavírus e da queda nos preços do petróleo.

“Se o petróleo ficar barato, a área de milho tende a cair e a da soja aumentar”, afirma. Vale lembrar que o cereal nos Estados Unidos é muito utilizado para a produção de biocombustíveis. Com a crise do coronavírus e a baixa nos preços do petróleo, há uma leitura do mercado de que a demanda pelo biocombustível teria uma queda significativa.

Estoque maior de milho

Essa fato também foi confirmado no relatório do USDA da última semana, onde o órgão oficial elevou os estoques finais de milho nos EUA de 48 milhões de toneladas para 53 milhões de toneladas. Cortes de demanda no segmento industrial e de etanol justificaram o aumento.

Para o analista de mercado Anderson Galvão, da Céleres, este foi o principal ponto do documento. “Chama a atenção porque em algum momento, esse excedente de milho vai ser canalizado para o mercado externo, até pelo próprio acordo comercial entre Estados Unidos e China. Isso pode prejudicar o espaço das exportações brasileiras”, afirma.