Milho

Milho: sem chuva, produtores do RS já registram perdas de até 10%

De acordo com dados da Emater/RS, em algumas regiões as perdas já são irreparáveis. Além disso, o plantio no estado segue atrasado em relação a um ano

Lavoura de milho segunda safra, em Querência, Mato Grosso
Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural

As altas temperaturas no Rio Grande do Sul na última semana, aliadas ao baixo volume de chuvas, provocaram perdas no potencial produtivo das lavouras de milho verão de várias regiões, segundo relatório semanal da Emater-RS/Ascar. O plantio de milho no estado atingiu 95% da área prevista, avanço de um ponto porcentual na semana. Há um ano, 96% da área estava plantada.

Das lavouras implantadas, 29% estão na fase de desenvolvimento vegetativo, 16% em floração, 37% em enchimento de grãos, 17% maduro e por colher e 1% já foi colhido.

Os cultivos em áreas com irrigação e nos locais com aporte adequado de umidade no solo apresentam excelente potencial, podendo minimizar os impactos da média de produtividade na região. As lavouras implantadas no final de setembro estão com perdas elevadas, e os produtores recorrem ao amparo do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que garante a exoneração de obrigações financeiras relativas a operação de crédito rural de custeio, cuja liquidação seja dificultada pela ocorrência de fenômenos naturais, pragas e doenças que atinjam rebanhos e plantações, na forma estabelecida pelo  Conselho Monetário Nacional (CMN).

Regiões produtoras 

Na região de Ijuí, a cultura está em estado de enchimento de grãos e maturação, com potencial produtivo variado, conforme os volumes de precipitações de chuvas ocorridos nas lavouras. A área destinada à confecção de silagem apresenta maior redução no potencial produtivo e antecipação do corte devido ao murchamento das plantas e à senescência das folhas baixeiras.

Na regional de Santa Rosa, a área prevista para o cultivo do milho é de 151.145 hectares. Até o momento, foram plantados 80% da área, estando concluída a implantação do milho safra e iniciando a implantação da safrinha. Da cultura implantada, 3% está em desenvolvimento vegetativo, 3% em floração, 52% em enchimento de grão, 35% em maturação e 7% colhido.

A produtividade média esperada é de 7.780 quilos por hectare, considerando-se as condições meteorológicas da última semana, quando o calor excessivo prejudicou algumas lavouras. Porém, em Três de Maio, onde iniciou a colheita das lavouras do cedo, há áreas com alto nível de investimento tecnológico, de alta produtividade, apresentando rendimento médio de 175 sacas por hectare, cerca de 10,5 quilos por hectare.

Na região de Frederico Westphalen, a cultura está semeada em 100% da área prevista de 87.630 hectares. Segue apresentando bom aspecto, com expectativas de bons rendimentos, apesar de que algumas áreas têm enfrentado falta de chuvas, podendo trazer perdas no rendimento. Das lavouras implantadas, 2% delas se encontram na fase de desenvolvimento vegetativo, 5% em floração,
65% em enchimento de grãos, 23% em fase de maturação e 5% delas já foram colhidas.

Nas lavouras de Caxias do Sul, o déficit hídrico ocorrido em dezembro na região afetou o rendimento. Na região da Serra, as lavouras estão sofrendo forte estresse hídrico associado a altas temperaturas, provocando danos irreversíveis; inclusive já apresentam forte perda no potencial de rendimento.

Soledade, o quadro geral da cultura é de déficit hídrico generalizado em toda a região, devido a condições climáticas extremas de altas temperaturas, baixa umidade relativa do ar e radiação solar intensa. As lavouras em florescimento e enchimento de grãos são as mais impactadas com a estiagem, com perdas de produtividade que crescem à medida que as chuvas atrasam. ]

As chuvas fracas e irregulares das últimas semanas não foram suficientes para atender as necessidades da cultura, especialmente nas lavouras de milho em estágios avançados de desenvolvimento. Por conta da baixa umidade do solo, reduziu-se a realização de tratos culturais de controle de plantas invasoras e de adubação nitrogenada de cobertura.

Em Erechim, a cultura do milho para grãos tem uma área plantada de 42.945 hectares. A expectativa de produtividade inicial de 9.397 quilos por hectare não deverá ser alcançada. Estimam-se perdas de 10% em média na região.

Persistindo a estiagem, as perdas deverão aumentar significativamente. A área de milho para silagem é de 15.790 hectares, atualmente em fase de enchimento de grãos e início de colheita. Poderá haver perdas pela estiagem, mas ainda não podem ser quantificadas.

Na regional Pelotas, as atividades de semeadura do milho foram paralisadas em razão do quadro de estiagem. Mesmo com as chuvas que aconteceram neste final da semana, os produtores não arriscaram a semeadura, devendo finalizá-la como milho safrinha, uma vez que as sementes e adubos já estão comprados.

Áreas planejadas para milho grão, em razão da baixa produtividade esperada devido ao quadro de estiagem, deverão ser aproveitadas para elaborar silagem. Produtores em Pelotas estão fechando negócios para produção de milho silagem para os navios de carga de bovinos vivos em Rio Grande. O valor pago ao produtor está em R$ 0,17/kg na lavoura.

Na regional de Santa Maria, até o momento foi plantada 65% da área prevista para grãos e 70% da área prevista para silagem; 34% está em germinação/desenvolvimento vegetativo, 25% em floração e 34% em enchimento de grão, 3% em maturação e 4% colhido. A cultura do milho já registra perdas irreparáveis.

Na regional de Lajeado, no Vale do Taquari, o milho é cultivado tanto para produção de grãos como para silagem; historicamente 60% se destinam à silagem e 40% à produção de grãos. A falta de chuvas em dezembro está prejudicando as lavouras.

As áreas em fase de enchimento de grãos, com 25%, estão com as folhas queimadas até a altura da espiga. Haverá redução na produção de grãos e de massa verde de silagem. Em função dos prejuízos, tem ocorrido o corte para silagem de lavouras de milho que inicialmente estavam destinadas à produção de grãos.

A situação é desfavorável para a produção de silagem de milho devido à antecipação do momento ideal para a colheita, quando a planta ainda não apresenta teor de matéria seca desejada e quando os grãos ainda não acumularam quantidade suficiente de amido.

De modo geral, as condições das lavouras não são boas, com redução da produção de grãos e massa verde de silagem, sendo que a extensão dos danos poderá ser ainda maior caso as chuvas demorem a normalizar.

Pragas

Registrou-se a presença de lagarta do cartucho, em lavouras de milho com semeadura recente. No momento ocorre monitoramento para possível controle. Nas lavouras destinadas à silagem, os agricultores estão ensilando o milho de forma antecipada para reduzir perdas na produção de massa verde, visto que as folhas do baixeiro estão secando, ocorrendo perdas de qualidade.