Agricultura

Pressionado por conflito, trigo dispara em Chicago e sobe mais de 5%

O cereal chegou aos maiores níveis desde meados de 2012, após o ataque russo ao leste da Ucrânia; situação do mercado pode piorar, diz analista

A Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) para o trigo encerrou a sessão desta quinta-feira (24) com preços acentuadamente mais altos. O cereal chegou aos maiores níveis desde meados de 2012, após o ataque russo ao leste da Ucrânia, autorizado na noite de ontem pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin. Os preços no contrato mais negociado fecharam no limite de alta do dia.

Há temor de interrupção no fornecimento de trigo oriundo do Mar Negro. Além disso, já há incertezas quanto ao cultivo da próxima safra. Rússia e Ucrânia respondem por 29% das exportações globais de trigo. Segundo o analista da Safras & Mercado, Élcio Bento, um prolongamento do conflito pode trazer consequências nunca vistas ao mercado.

plantação de trigo
Foto: Bruno Marcolin/ Arquivo pessoal

No fechamento de hoje, os contratos com entrega em março de 2022 eram cotados a US$ 9,34 por bushel, ganho de 50 centavos de dólar, ou 5,65%, em relação ao fechamento anterior. Os contratos com entrega em maio de 2022 eram negociados a US$ 9,25 por bushel, alta de 46,25 centavos de dólar, ou 5,26%.

O cenário expressivo da valorização em Chicago não foi observado para a soja e o milho, como havia acontecido ontem. No caso da oleaginosa, segundo a Safras, após atingir o maior patamar em mais de nove anos – na máxima do dia, o contrato maio registrou US$ 17,59 por bushel, o mercado sucumbiu a um movimentou de realização de lucros. Com alguns mercados mais acomodados, os investidores aproveitaram para embolsar ganhos.

O risco de interrupção das vendas ucranianas se tornou mais sólido com a invasão e o fechamento dos portos. Como consequência, trigo e milho operaram nos limites diários de alta em Chicago, o que também impulsionou a soja. Além disso, o petróleo subiu muito na parte da manhã, com o brent superando US$ 100 barril.

Nesta quinta, os contratos da soja em grão com entrega em março fecharam com baixa de 0,8% a US$ 16,61 por bushel. A posição maio teve cotação de US$ 16,54 por bushel, queda de 1,01%.

No caso do milho, as cotações se afastaram das máximas do dia, pressionados por realização de lucros. As posições mais distantes, acompanhando a soja e outros mercados, fecharam em baixa buscando essa acomodação.

Assim, os contratos com entrega para março fecharam a US$ 6,90 por bushel, ganho de 1,32%, em relação ao fechamento anterior. A posição maio de 2022 fechou a sessão a US$ 6,78 por bushel, elevação de 0,59% em relação ao fechamento anterior.