Soja

França está desesperada ante a sustentabilidade do agro do Brasil, diz FPA

Bancada do agro rebateu as críticas do presidente francês e afirma que o país europeu não tem condições de parar de comprar soja do Brasil

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Macron ligou a produção de soja ao desmatamento ilegal. Foto: Pedro Silvestre

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) afirma que “acompanhou com profundo constrangimento” as declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, em que associa a agricultura brasileira aos crimes de desmatamento ilegal. Segundo a bancada, o mandatário não apresentou nenhum dado oficial que comprove a acusação.

“A França, em toda sua história, nunca demonstrou tanto desespero em relação ao desenvolvimento sustentável que o Brasil alcança ano a ano, com novas tecnologias e uma agricultura de precisão que garante duas safras/ano, responsável pelo aumento robusto de nossa produtividade ao longo dos últimos 40 anos, a um custo diferenciado para abastecimento interno e do mundo todo”, diz a FPA, em nota.

A bancada do agro ressalta que o Brasil é uma potência agrícola por vocação. “Possuímos uma área de 66,3% de vegetação protegida e preservada. Dessas, 20,5% estão em imóveis rurais. De todo o território nacional, utiliza-se apenas 7,8% para lavouras e florestas plantadas. E quais são os números de ocupação de solo na França?”, questiona.

A FPA alerta que a política interna da França não pode colocar em xeque outra nação e a legalidade das políticas públicas brasileiras para a agricultura como um todo.

“Atualmente, apenas 10% da soja brasileira é produzida no bioma amazônico, sem contar que toda a produção está dissociada de qualquer processo de desmatamento desde 2008”, ressalta.

Por último, a bancada afirma que é preciso entender e considerar que, em números redondos, a União Europeia importa cerca de R$ 13 milhões toneladas por ano, das quais 5 milhões vão para a França. A produção atual dos franceses é de 200 mil toneladas por ano irrigada e a um custo alto, ou seja, apenas 5% da demanda.

“Para atender, seria necessário plantar cerca de 2 milhões de hectares. Basta saber quem vai liberar essa terra toda e o impacto ambiental disto. Um discurso para atender eleitores não pode ser utópico ao ponto de não ser alcançada a autossuficiência”, pontua a FPA.

A nota assinada pelo presidente da bancada, deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), afirma que o país não aceitará acusações. “O Brasil é um grande exportador mundial de alimentos, um dos maiores responsáveis pelo abastecimento alimentar no mundo e ocuparemos nosso lugar, independente das guerras comerciais em franco desenvolvimento na França. Somos sustentáveis, cumprimos regras sanitárias e ambientais mais rígidas do que os países competidores e estamos alcançando um padrão de qualidade nunca visto antes, sem aumentar nossa área de plantio. Para a França alcançar o patamar brasileiro, teria que conquistar novos territórios ou colônias, o que a modernidade e a civilidade não permitem mais”, finaliza.