Soja

Soja: Intacta 2 Xtend é lançada, e produtor que testou colheu 80 sacas/ha

A terceira geração de soja transgênica da companhia alemã Bayer estará disponível exclusivamente no Brasil para uso na safra 2021/22

Oito anos após o lançamento comercial da Intacta RR2 PRO, a Bayer coloca à disposição do produtor brasileiro a Intacta 2 Xtend. Lançada nesta quinta-feira, 10, a terceira geração de soja transgênica da multinacional alemã estará disponível para compra nos próximos dias, para ser utilizada ainda na safra 2021/2022.

A palavra mais usada pelos executivos da empresa é “produtividade”. A tecnologia foi testada em cerca de 20 mil hectares nas safras 2019/2020 e 2020/2021 e os agricultores obtiveram 3,25 sacas por hectare, em média, a mais em relação às principais concorrentes, segundo a companhia.

Já o custo da biotecnologia é estimado em R$ 173,10 – o que equivale a pouco mais de 1 saca por hectare, levando em consideração os patamares atuais da oleaginosa. A RR2 PRO custa cerca de R$ 164 por hectare neste momento.

Desenvolvimento da nova soja transgênica

Ao longo de anos de pesquisa e desenvolvimento, a Bayer contou com a ajuda de acadêmicos e consultores, além de agricultores brasileiros, para criar uma solução adequada à realidade local. O mercado brasileiro se mostra de grande importância para a empresa, sendo o palco exclusivo do lançamento para a temporada 2021/2022.

“Quando a gente fala em biotecnologia, é a segunda vez que a Bayer lança fora dos Estados Unidos. A primeira vez foi aqui no Brasil, com a RR2 PRO”, diz Natália Carvalho, líder de lançamento da plataforma 2 Xtend. “A experimentação aconteceu apenas no Brasil para atender às demandas dos agricultores brasileiros”.

O produtor Marcos Feldhaus, de Cláudia (MT), participou dos testes na safra 2020/2021. Ele é parceiro da Bayer desde a primeira geração da Intacta, a RR, e conta que produziu com a RR2 PRO em média 68 sacas por hectare.

Nos quatro hectares separados para a 2 Xtend, a produção de Feldhaus variou de 72 sacas (na variedade menos produtiva) até 80 sacas (na mais produtiva). “A RR2 PRO até tinha algumas variedades que chegavam a esse teto produtivo, mas algumas não chegavam a tanto. É, realmente, uma mudança de patamar”, afirma o agricultor.

lavoura de soja Intacta 2 Xtend
Lavoura de Marcos Feldhaus. Foto: arquivo pessoal

Em apenas sete safras, a Intacta RR2 PRO já ocupa 80% da área de soja do Brasil. Segundo Natália, a biotecnologia da Bayer foi um dos lançamentos mais importantes do mercado nacional e registrou uma curva acelerada de adoção.

Para a nova geração, a companhia deve inicialmente buscar oferecer a melhor experiência aos produtores que aderirem, para depois expandir o número de agricultores, aproveitando o caminho aberto pela antecessora.

Resistência a lagartas e tolerância ao dicamba

A RR2 PRO já contava com tecnologia contra quatro espécies de pragas: falsa-medideira (Chrysodeixis includens), lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis), lagarta-da-maçã (Chloridea virescens) e broca-das-axilas (Crocidosema aporema). Agora, a Bayer adicionou proteínas que fazem a terceira geração ser resistente também à Helicoverpa armigera e à Spodoptera cosmioide.

Número divulgado pela Bayer em 2020 indicava que 96% dos casos de aplicação de inseticida no passado foram para combate a lagartas para as quais a Intacta 2 Xtend tem resistência. Isso significa um uso mais racional de defensivos agrícolas e menos custos para o produtor.

Além disso, essas pragas estão presentes em todo o ciclo da soja. Na fase de emergência, podem ser extremamente prejudiciais, levando à morte da planta. Posteriormente, as lagartas causam a desfolha, que reduz a capacidade de fotossíntese e afeta o enchimento de grãos, interferindo diretamente na produtividade das lavouras.

No município de Cláudia (MT), Feldhaus diz que a tecnologia da Bayer é determinante para lidar com a pressão das lagartas. “É muito difícil controlar, porque a soja mesmo não tem essa proteína que imuniza [a planta contra] a lagarta. Com a Intacta, a gente consegue entrar na lavoura com uma programação de fungicida pré e pós-emergência. Eu não tive nenhum tipo de lagarta”.

A nova biotecnologia da Bayer também é tolerante ao herbicida dicamba, liberado para uso no Brasil em 2020. A decisão é estratégica, pois a semente pode ser utilizada junto ao Xtendicam, produto da companhia alemã que tem o dicamba como princípio ativo. A empresa optou por usar o sal de DGA no herbicida, tornando-o menos volátil, e um adjuvante que diminui a volatilidade.

O dicamba é um herbicida usado comumente para tratar de plantas daninhas de folhas largas, mas o produtor rural que comprar a Intacta 2 Xtend não será obrigado a usá-lo – nem a abandonar o glifosato, ao qual a semente continua sendo resistente. “É mais uma ferramenta, e nós vamos capacitar o agricultor para usar essa ferramenta”.

O produtor mato-grossense acredita que o dicamba também levará a agricultura a um novo momento, permitindo um melhor controle, enquanto as ervas daninhas começam a criar resistência ao glifosato.

Conhecimento que vai além da biotecnologia

Como parte da estratégia para popularizar a tecnologia, a Bayer aposta em compartilhar o conhecimento adquirido ao longo dos anos de experimentação. Assim, a empresa lançará serviços de capacitação e treinamento que poderão ser acessados por WhatsApp, mesmo por quem não adquiriu a tecnologia.

Por fim, Natália reforça que a biotecnologia é uma solução importante para o uso racional de defensivos. Porém, o manejo integrado de pragas continua sendo uma parte fundamental da produção.

Como as diversas realidades brasileiras pedem soluções específicas, a Bayer anunciou, só para o lançamento, 30 variedades da Intacta 2 Xtend, sendo que três delas serão para refúgio, ou seja, sem a tecnologia Bt, “para continuar estimulando essa prática”, segundo a liderança da empresa.

lavoura de soja Intacta 2 Xtend
Foto: Marcos Feldhaus/arquivo pessoal

Feldhaus reforça o coro e pede que os produtores rurais sejam responsáveis, com atenção não só no agora, como também no futuro da produção. “O brasileiro em geral tem essa visão de curto prazo: ‘Para que vou fazer refúgio se não tem pressão da lagarta?’ O vizinho faz, mas não consegue controlar porque não tem a quantidade exata de refúgio necessário. A gente perde muito com isso, devemos fazer o manejo correto para que a biotecnologia dure muitos anos”.