Trigo

Organizações se unem contra o trigo transgênico no Brasil

Ofício enviado a órgãos públicos pressiona para rever decisão que liberou o cultivo e a importação do trigo transgênico no país

O Idec e outras organizações da sociedade civil se uniram contra o trigo transgênico (HB4) no Brasil.

As instituições enviaram um ofício no início da semana, pedindo o cancelamento da liberação do cultivo do trigo transgênico e também da importação da farinha de trigo transgênica.

O documento foi enviado para o presidente do Conselho Nacional de Biossegurança, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.

No dia 1º de março de 2023, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou a liberação do plantio do trigo transgênico no país.

Movimento contra o trigo transgênico

No ofício foram descritas informações sobre ilegalidades e violações no processo de aprovação do transgênico. Além de mostrar todos os perigos trazidos por essa decisão.

De acordo com as organizações que assinaram o ofício, a liberação do transgênico viola a Lei de Biossegurança (11.105/2005) e o tratado internacional assinado pelo Brasil, o Protocolo de Cartagena.

“A Argentina não é signatária do protocolo e é um dos países que pode agora exportar o trigo transgênico para o Brasil. Por conta disso, o processo de produção do trigo por lá para ser vendido aqui precisa seguir as regras vigentes no Brasil”, afirma o coordenador do Programa de Consumo Sustentável do Idec, Rafael Rioja Arantes.

Segundo o Idec, o uso do trigo modificado geneticamente pode trazer prejuízos para a soberania alimentar e para o meio ambiente.

“Não houve pesquisas de campo e análises sobre possíveis efeitos adversos à biodiversidade. A eterna promessa envolvendo mais produtividade com menos oferta de água nunca se cumpriu com a soja ou o milho transgênico. Vai se cumprir com o trigo?”, questiona o agrônomo Leonardo Melgarejo, que integra o Grupo de Trabalho (GT) Biodiversidade da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).

Ainda de acordo com o Idec, o risco se torna ainda maior visto que a empresa detentora do trigo transgênico, a Bioceres, é de capital aberto e os valores do produto vão variar de acordo com o humor do mercado financeiro.

“O risco é muito alto para uma liberação feita sem qualquer diálogo com a sociedade civil. É preciso reverter a medida de forma a garantir mais segurança e informação aos consumidores”, conclui Arantes.

Em campanha realizada pelo Idec, cerca de 17 mil pessoas assinaram contra a liberação do trigo transgênico no Brasil.

O ofício também está sendo enviado a outros dez ministérios que compõem o CNBS, ao MPF (Ministério Público Federal) e ao Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos.