Agricultura

Sem demanda, produção de pimentão apodrece no campo: "Não sei o que fazer"

O produtor Donizete Coelho conta que tentou repassar os produtos a um preço baixo, mas não conseguiu; demanda caiu em meio à pandemia

As medidas de enfrentamento à pandemia da Covid-19 levaram à interrupção do atendimento presencial de bares e restaurantes. Mesmo que muitos estabelecimentos tenham migrado para as vendas por delivery, a sensação de produtores é de que a demanda por alguns alimentos, aqueles menos comuns no consumo doméstico, retraiu-se.

Circula nas redes sociais um vídeo com o desabafo do produtor Donizete Coelho, do Sítio Santa Adelana, em Mairinque (SP). No chão, é possível ver parte da produção de pimentão amarelo apodrecendo. O motivo? Coelho não conseguiu vender os alimentos.

“O consumo de pimentão diminuiu, acredito eu. Estão pagando R$ 11 lá no Ceasa, mas desconta R$ 5 ou R$ 6 de frete. Sobraria R$ 5 em uma caixa de 10 quilos. Mesmo assim, a gente mandou para ver se diminuía o prejuízo, mas não quiseram e devolveram o pimentão”, diz.

De acordo com o produtor, os pimentões menores nem foram enviados porque não se pagaria o custo de fazê-lo.

O produtor disse que nem pretendia divulgar o vídeo, mas acredita que é importante que a sociedade entenda o risco ao qual o agricultor brasileiro está exposto diariamente. “É bom para que algumas pessoas vejam o nosso trabalho”, diz.

Coelho lamenta a situação e diz que não sabe o que fazer. “Se a gente para, piora. Se a gente continua, piora. O que que a gente vai fazer? Está aí a nossa indignação, mas Deus é mais. Vamos tocando”, finaliza.