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Agro impulsiona crescimento de fretes rodoviários no 1º trimestre

Nos três primeiros meses deste ano, a demanda por fretes no agronegócio aumentou, com elevação de 60% no volume de cargas transportadas

O volume de fretes rodoviários no Brasil cresceu 53% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. O crescimento foi impulsionado pelos setores de construção e agronegócio, que aumentaram em 60% seus volumes de cargas transportadas, em cada indústria. Esses dados fazem parte do “Relatório Trimestral FreteBras – O Transporte Rodoviário de Cargas no Brasil”, produzido pela FreteBras.

De acordo com o estudo, a região Nordeste apresentou o maior crescimento no volume de fretes (+95%) no período. De seus nove estados, cinco viram o volume de cargas mais que dobrar: Piauí (+127%), Sergipe (+126%), Pernambuco (+107%), Alagoas (+102%) e Bahia (+101%). Em segundo lugar ficou a região Norte (+76%), seguida pelo Centro-oeste (+64%), Sul (+47%) e Sudeste (+44%).

Observando os mercados estaduais, o relatório revela que Tocantins quase triplicou (+186%) seu volume de fretes no comparativo entre o primeiro trimestre de 2021 com 2020. No sul, Santa Catarina viu seu volume de cargas crescer 74% e no Centro-Oeste, o Mato Grosso teve alta de 72%. Já no Sudeste, o Rio de Janeiro teve maior destaque, com 51% mais fretes.

Na análise do volume absoluto de fretes, as regiões Sul e Sudeste foram as mais representativas, com 30% e 40% do total de cargas transportadas, respectivamente. São Paulo foi o estado que mais somou novos fretes e comparação com o primeiro trimestre de 2020, seguido por Paraná, Minas Gerais e Santa Catarina.

“Tivemos muitos desafios no primeiro trimestre. O encalhe do cargueiro no canal de Suez impactando importações e exportações, o recorde de contaminações pela Covid-19, chuvas inesperadas atrasando a colheita de grãos e aumentos frequentes no preço do combustível impactaram fortemente o transporte de cargas. Ainda assim, o Brasil demonstrou extrema resiliência e apetite para crescer”, diz Bruno Hacad, diretor de operações da FreteBras.

Agronegócio aumentou movimento de cargas

Segundo a FreteBras, a expansão recorde do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio refletiu também nos transportes. Segundo o estudo, o agro cresceu 60% em volume de cargas transportadas no período. Entretanto, isso não significa que o trimestre foi fácil, já que o ano começou com falta de estoque e atraso nas colheitas.

“Para a soja, principal produto de exportação brasileiro, janeiro foi o pior mês desde 2014. Fevereiro apresentou um recuo de 40% nas exportações do grão frente a 2020. Nos primeiros dois meses, o Brasil embarcou 53% menos
grãos que no mesmo período do ano passado. O diferencial ficou em março, que teve uma recuperação histórica. Estados como Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás se adiantaram na colheita e o Brasil conseguiu exportar 24% mais soja do que no mesmo mês do ano passado, resultando na segunda maior safra da história da soja brasileira”, comenta Hacad.

As análises da empresa mostram que os produtos mais transportados foram fertilizantes, que viram seus fretes mais que dobrarem no primeiro trimestre de 2021 (+102%), em uma clara antecipação da expectativa de safra recorde este ano. Em seguida vem a soja, com aumento de 55%, e o milho, com uma variação mais tímida, porém representativa (+42%).

Preço do frete aumentou

Desde o início de 2021, o Índice FreteBras de Preço do Frete passou a ser divulgado mensalmente e traz, nesta edição, a primeira análise trimestral. O índice é calculado analisando o valor médio do frete dividido por quilômetro rodado por eixo. No primeiro trimestre de 2021, o valor médio do frete no Brasil foi de R$ 0,99, apenas 1,99% superior que o mesmo período de 2020.

A região Norte apresentou o frete mais caro do período, alcançando R$ 1,09 no preço médio por km por eixo. As regiões Sudeste e Sul tiveram os preços mais baratos, R$ 0,98 e R$ 0,99, respectivamente. O Nordeste teve o maior aumento (+4,57%), enquanto as demais regiões oscilaram pouco. Os fretes no Norte aumentaram 2,43%. No Sudeste e no Centro-oeste a variação ficou um pouco abaixo de 2% em ambos os casos e, na região Sul, foi de apenas 1%, o que pode ser considerado como estável.

Segundo relatório da ANP, na comparação entre o primeiro trimestre de 2020 e 2021, o preço do diesel comum nas bombas cresceu acima de 15% em todas as regiões. No Nordeste, o combustível superou os 20% de aumento. “O aumento no combustível é extremamente preocupante porque representa de 40% a 50% dos custos dos caminhoneiros, mas não está sendo refletido na mesma proporção no valor do frete”, comenta Hacad.