Entidades do café tentam impedir importação de grão peruano

Reunião entre governo e Faemg acontece nesta terça, dia 19, em Brasília (DF)A liberação do Mapa para a importação de café do Peru pelo Brasil está movimentando as entidades do setor. O diretor da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg) e presidente das comissões de Cafeicultura da entidade e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita, anunciou que a entidade está mobilizada para tentar reverter a liberação. Uma reunião nesta terça, em Brasília (DF), negocia a situação com o governo.

Fonte: Guilherme Antonio/Arquivo Pessoal

– Não há nada que justifique essa medida, que irá prejudicar seriamente um setor produtivo que sempre teve enorme importância para a economia brasileira. Somos o maior produtor mundial de café, com mais de um terço de todo grão produzido no mundo. Se nossa produção supre o mercado em quantidade, qualidade e variedades, é no mínimo um contrassenso liberar a entrada de um produto que vai canibalizar a geração de milhares de empregos e de renda em nosso país – criticou.

A medida foi publicada no Diário Oficial da União (Dou) no dia 30 de abril, por meio de instrução normativa assinada pelo secretário de Defesa Agropecuária, Décio Coutinho, do Ministério da Agricultura, aprovando “requisitos fitossanitários para importação de grãos (Categoria 3, Classe 9) de café (Coffea arabica L.) produzidos no Peru”.

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O Brasil prevê para 2015 a produção de mais de 40 milhões de sacas de café, garantindo um faturamento de cerca de R$ 20 bilhões. O setor emprega aproximadamente oito milhões de brasileiros. 

– O Brasil tem investido muito em quantidade e em qualidade, e tem ainda a sustentabilidade como um dos principais fatores de diferenciação de sua produção. Por trás do grão, há um forte trabalho de pesquisa, inovação e boas práticas. A livre entrada do grão peruano, a preços inferiores certamente desestimularia os cafeicultores brasileiros que tanto investem em melhoria da qualidade de seu café e na produção sustentável e ética – explica o diretor da Faemg. 
 
Segundo Mesquita, a medida vem tornar ainda mais grave um momento especialmente delicado para o produtor, que está descapitalizado e em meio a uma sucessão de problemas gerados por dois anos de seca.