Censo Agropecuário

Agro perde 1,5 mi de trabalhadores após mecanização aumentar 50%

Segundo Censo de 2017, para contornar a situação, funcionários do campo tentam buscar a qualificação profissional para operar máquinas agrícolas

Foto: Pedro Silvestre

A mecanização alterou o perfil do trabalho no campo e influenciou a diminuição de mão de obra no setor nos últimos 11 anos. De acordo com o Censo Agropecuário 2017, divulgado nesta sexta-feira, 25, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de estabelecimentos com tratores aumentou 50% em relação ao último Censo, realizado em 2006. 

Durante esse mesmo período, o setor agropecuário perdeu cerca de 1,5 milhão de trabalhadores. O pessoal ocupado nos estabelecimentos agrícolas diminuiu 8,8%, indo de 16,6 milhões de pessoas em 2006 para 15,1 milhões em 2017. Esse número inclui a perda de 2,2 milhões de trabalhadores na agricultura familiar e aumento de 703 mil na agricultura não familiar.

Além de tratores, aumentou também o número de estabelecimentos com outras máquinas, como plantadeiras, colheitadeiras, adubadeiras ou distribuidoras de calcário, e também meios de transporte como caminhões, motocicletas e aviões. É possível verificar a tendência do aumento de uso de máquinas nos estabelecimentos agrícolas na série histórica, em que a utilização dos tratores apresenta crescimento desde o Censo Agropecuário de 1975.

Censo Agropecuário, máquinas agrícolas, trator

De acordo com o gerente técnico do Censo Agropecuário, Antonio Carlos Florido, o processo de mecanização é algo crescente e contínuo. “Quanto mais automação, menos gente na produção. Isso tem acontecido em todos os setores da economia, não é algo restrito ao setor agropecuário”, afirmou.

O trabalho manual vem sendo substituído pelas máquinas agrícolas, cenário que, de acordo com Florido, obriga os trabalhadores do campo a buscar qualificação para operar a maquinaria. “Até uns três anos atrás, a colheita de cana em São Paulo era manual. O pessoal colocava fogo no canavial e depois vinha um monte de gente cortando cana. Depois veio uma lei ambiental que proibiu a queima da cana, o que impossibilitou o corte na mão. Então tivemos a substituição dessa mão de obra por uma máquina de colher cana”, explica Florido.

De acordo com o gerente técnico, uma máquina como essa substitui em média 100 pessoas. “Quem não se qualifica tem que fazer trabalho braçal e o trabalho braçal está terminando. Se você tem uma máquina que faz o serviço de 100 pessoas, para aquela pessoa que sabe operar essa máquina tem emprego”, ressalta.
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