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Dólar fecha a semana em queda; no mês alta é superior a 2%

Com intervenção do Banco Central na formação de preço da moeda estrangeira, o dia foi de volatilidade no mercado

O dólar comercial fechou em queda de 0,45% no mercado à vista, cotado a R$ 5,7390 para venda, em sessão de forte volatilidade no último pregão do mês com a formação de preço da taxa Ptax, intervenção do Banco Central (BC), cautela antes do feriado prolongado e de uma agenda de eventos e indicadores pesada na próxima semana.

No exterior, parte das moedas de países emergentes se recuperaram ante a divisa norte-americana, como o peso mexicano, o que influenciou o movimento da moeda no mercado local.

O diretor da Correparti, Ricardo Gomes, destaca a atuação “intempestiva” do Banco Central  com a oferta de um leilão de venda de dólares no mercado à vista em dia de disputa para a formação de preço da Ptax, para conter o avanço da moeda que rompeu o nível de R$ 5,80 – maior valor intradiário desde 15 de maio – na primeira parte dos negócios.

“Com um volume que se aproximou dos US$ 800 milhões, o que acompanhamos foi um movimento que atendeu aos interesses dos comprados em dólar futuro”, reforça.

Em uma semana bem volátil, a moeda se valorizou em 1,92% em meio ao avanço da segunda onda de contaminação por covid-19 na Europa e nos Estados Unidos, que fez países como Alemanha, França e Espanha a adotarem medidas mais restritivas de distanciamento social para conter a disseminação do novo coronavírus. O que coloca em discussão a retomada da recuperação econômica dessas e das demais economias globais.

Além disso, o tão esperado pacote de estímulo fiscal norte-americano não foi negociado antes das eleições dos Estados Unidos, conforme prometido pelo Congresso do país. Diante dessas incertezas, o dólar fechou outubro com ganhos de 2,15%, engatando o terceiro mês de alta.

“Foi um mês bem nervoso e volátil com a volta do novo coronavírus na Europa. Porém, temos um destaque com a volta do investidor estrangeiro para bolsa, algo que não acontecia há meses”, comenta o diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer.

No mês até o dia 28, o saldo estrangeiro ficou positivo em R$ 3,173 bilhões, ante resultado negativo de R$ 2,397 bilhões em setembro. No acumulado do ano, o saldo está negativo em R$ 84,581 bilhões.

Na semana que vem, a volta do feriado local promete com a eleição presidencial nos Estados Unidos, enquanto – excepcionalmente – na quinta-feira, sai a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), além de uma agenda de indicadores pesada aqui, na China, Europa e nos Estados Unidos, com o relatório de empregos do país, o payroll, no fim da semana.

“O resultado da eleição pode influenciar a política do Fed ao longo dos meses, mas isso dependerá, em parte, de como os mercados vão reagir”, diz a equipe econômica da Capital Economics.

Quanto a disputa entre o presidente norte-americano, Donald Trump, que tenta a reeleição e o democrata Joe Biden, o analista da Toro Investimentos, João Freitas, o ambiente de cautela se deve com a dúvida de quem ganhará a eleição, tendo Biden como favorito, como apontam pesquisas de intenção de voto. “Acho que o mercado aceitará a vitória de qualquer um dos dois. A questão mesmo é a espera pela aprovação de um pacote de estímulo fiscal”, pondera.