Economia

Negócios fechados em feiras internacionais do agro podem chegar a US$ 4,5 bi no 1º tri

No primeiro trimestre de 2022, a ApexBrasil apoiou a participação de mais de 300 empresas em 15 feiras internacionais em 12 países

Em 2021, o agronegócio brasileiro bateu recordes de exportação, chegando a US$ 120 bilhões.

Aproveitando a tendência positiva do setor, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) tem trabalhado para expandir a inserção internacional das empresas brasileiras e consolidar a imagem positiva do agro nacional.

Apex-Brasil-Dubai
67 empresas foram levadas pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil)

Os resultados falam por si: no primeiro trimestre de 2022, a ApexBrasil apoiou a participação de mais de 300 empresas em 15 feiras internacionais de alimentos e bebidas realizadas em 12 países, com volume de negócios fechados de US$ 800 milhões e US$ 3,7 bilhões projetados para os próximos 12 meses.

Segundo o gerente de Agronegócios da ApexBrasil, Márcio Rodrigues, o agro brasileiro está cada vez mais presente nos grandes eventos globais.

“Há uma confiança maior do importador com relação ao Brasil, que foi fortalecida durante a pandemia. Além disso, há o reconhecimento global da qualidade e sustentabilidade dos nossos alimentos e bebidas, fazendo com que a demanda mantenha-se aquecida. Estes aspectos, somados à valorização global dos preços dos alimentos e bebidas, conformam um ciclo virtuoso para nossos exportadores”, afirmou.

Os resultados do primeiro trimestre de 2022 comprovam essa tendência de crescimento.

De janeiro a março, as exportações de alimentos e bebidas tiveram aumento de 46,1% em comparação ao mesmo período de 2021, chegando a US$ 33,9 bilhões, US$10,7 bilhões acima do ano anterior. Essa elevação recorde se refletiu no saldo da balança comercial do setor, que atingiu US$ 30,1 bilhões, um avanço de quase 56% se comparado ao mesmo período de 2021.

Em março deste ano, as vendas de carne bovina se destacaram, apresentando avanço de 55,3% em valor e 21% em volume frente ao mesmo mês em 2021.

Desde o início do ano, o Brasil tem conseguido aumentar sua participação no mercado internacional dessa proteína animal, elevando a quantidade vendida para os principais destinos, dentre os quais estão China, Estados Unidos e Egito, além da abertura para novos mercados.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o índice de preços de alimentos do Banco Mundial atingiu o patamar recorde em março de 2022: um aumento de 11,6% em relação a fevereiro e de 36,6% no comparativo com o mesmo mês de 2021.

Por meio das ações de promoção comercial da ApexBrasil e dos seus parceiros setoriais no primeiro trimestre do ano, as empresas brasileiras tiveram acesso a uma ampla agenda de feiras: World Coffee Dubai e Specialty Coffee Expo, em Boston, dois importantes eventos para o seguimento da cafeicultura; ISM Cologne, na Alemanha, a maior mostra de doces e snacks do mundo; Winter Fancy Food e SIAL America, duas feiras do setor de alimentação realizadas em Las Vegas; PRODEXPO, maior e mais importante feira de alimentos da Rússia; Vinexpo America, uma mostra do setor de vinhos e bebidas, realizada em Nova Iorque; Natural Products Expo West, na Califórnia, especializada em alimentação orgânica e natural; FOODEX Japan, uma das mais relevantes feiras de alimentos na Ásia; International Food and Drink Event (IFE), principal evento para profissionais de alimentação do Reino Unido; International Production and Processing Expo (IPPE), realizada em Atlanta, com foco em processos inovadores para a indústria alimentícia, principalmente de carnes, aves e ovos; e Global Pet Expo 2022, para o setor de animais de estimação.

Os grandes destaques ficaram para a Gulfood, realizada de 13 a 17 de fevereiro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e a Seafood Expo North America, realizada entre 13 e 15 de março, em Boston, nos Estados Unidos. No total, 114 empresas participaram da maior feira do setor de alimentos do Oriente Médio, com US$ 362 milhões de negócios fechados in loco e outros US$ 3 bilhões projetados para os 12 meses posteriores. Já no evento norte-americano, foram negociados US$ 411 milhões, com projeções de outros US$ 452 milhões.

Diversificação da pauta

O Brasil também teve destaque em áreas que estão expandindo sua participação no mercado internacional.

É o caso do setor de frutas que, em 2021, ultrapassou US$ 1 bilhão em vendas, recorde absoluto na série histórica.

A Fruit Logistica Berlim 2022, a maior feira do setor de fruticultura no mundo, organizada entre 5 e 7 de abril, contou com a participação de 45 empresas, que contrataram US$ 5 milhões e alinhavaram outros US$ 48 milhões em negócios futuros, ou seja, cerca de 5% do total exportado no ano passado em um único evento. A ação é fruto da parceria entre a ApexBrasil e a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas).

Segundo o diretor da empresa Be Fruit, Luiz Eduardo Raffaelli, a Fruit Logistic representou um marco importante na retomada dos negócios, pois todo o mercado da fruticultura estava presente. “A feira foi muito importante para abrir novos horizontes, contatar novos clientes e para reencontrar os clientes antigos, pois estávamos há dois anos sem vê-los”, comentou.

A principal atividade da empresa é a exportação de limões, com embarques semanais para a Reino Unido, Holanda, Itália, Espanha e, mais recentemente, o Chile. Raffaelli afirma que as exportações variam entre 70 e 50% dos negócios, dependendo da qualidade da safra. Um ponto fundamental para garantir o sucesso no mercado externo é a obtenção de certificações.

“A forma de mostrar a nossa transparência de produção e garantir espaço no mercado internacional é obter os selos de qualidade. Eu invisto muito trabalho e recursos para isso”, afirmou. A empresa possui o selo Rainforest Alliance, o GlobalG.A.P., o SMETA e o GRASP, ambos sociais, entre outros, assegurando a qualidade em toda a cadeia produtiva e logística.

A Cooperativa dos Produtores de Café especial de Boa Esperança, em Minas Gerais, é outro exemplo da diferença que as certificações fazem no mercado internacional.

A cooperativa já exporta entre 70 e 80% de sua produção para EUA, Canadá, Alemanha e outros países da Europa, e a expectativa é de chegar a mais mercados. Para tanto, possui a certificação de Fair Trade e os selos de produtos orgânicos válidos nos EUA, no Japão e na Europa, além do selo brasileiro. Segundo o diretor financeiro da cooperativa, João Paulo Pinheiro, os certificados garantem a rastreabilidade do produto desde o cliente que compra o café nas feiras até o consumidor final.

“Desde 2015 temos a produção totalmente orgânica, que ajuda a abrir o mercado por conta da qualidade do produto. Esse é o nosso diferencial”, concluiu.

O diretor, que já participou com a cooperativa da SIAL América este ano, também irá participar da Expo ANTAD & Alimentária México 2022, em Guadalajara, de 17 a 19 de maio, e as expectativas são grandes.

“É muito válido ir às feiras internacionais, pois conhecemos novos compradores, expomos o nosso produto para o mundo e divulgamos o nome da empresa. Então o ganho é tanto comercial, quanto na credibilidade que passamos a ter junto aos clientes”, avaliou.

A cooperativa também já se inscreveu para participar de outros eventos com apoio da ApexBrasil, como a Biofach, em Nuremberg, na Alemanha, que irá ocorrer entre 26 e 29 de julho. De acordo com João Paulo, esse apoio é fundamental. “A ApexBrasil auxilia as empresas, pois facilita muito o acesso ao mercado estrangeiro”, afirmou.

Em parceria com o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a ApexBrasil programou para 2022 o maior calendário de feiras de alimentos e bebidas já ofertado para os empresários brasileiros, 41 no total. Além das 15 feiras já realizadas, as empresas brasileiras terão acesso a mais 26 eventos internacionais até o fim do ano.