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Governadores decidem manter medidas de isolamento contra coronavírus

Participaram da videoconferência 26 gestores estaduais; governador do Distrito Federal não participou

Governadores de todas as regiões do país se reuniram por videoconferência na tarde desta quarta-feira, 25, para debater as medidas adotadas no combate à crise causado pelo novo coronavírus. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também participou do debate. Depois de mais de duas horas de conversa, os líderes estaduais redigiram uma carta para o governo federal.

Na carta, os governadores reiteram a convicção de que o isolamento social é a melhor estratégia para evitar a rápida disseminação do vírus e o colapso dos serviços de saúde. A medida é defendida pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

“A avaliação é sempre pautada nos técnicos e decidimos com base nessas informações. Qualquer decisão pautada no achismo está sujeita a responsabilização direta daquele que o faz. Eu já manifestei aqui junto aos prefeitos que as determinações continuam no estado e que todos os governadores precisam estar atentos a esse grave problema que nos atinge”, disse o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.

O documento ainda faz solicitações de cunho econômico. Os governadores solicitam a suspensão do pagamento da dívida dos estados com a União por 12 meses – ao invés dos seis meses já concedidos pela União -, a oferta de linhas de crédito no BNDES para a aplicação em saúde e obras, além de outras medidas como a aprovação do Plano Mansueto pelo Congresso Nacional.

A preocupação com micro, pequenas e médias empresas também está registrada. Pede-se ao Governo Federal que as operações de crédito feitas via BNDES sejam alongadas.

“Não podemos tomar as mesmas medidas de São Paulo porque temos em Mato Grosso 13 vezes menos população em uma área três vezes maior que São Paulo. Como vão ficar as micro e pequenas empresas deste país? Mais de 60% das empresas correspondem a elas [micro e pequenas]. Se entre 20% e 30% das empresas quebrarem, aproximadamente 1/3 dos brasileiros vai ficar sem emprego. Vai aumentar a violência, problemas sociais, saques, vai ficar caótica a situação”, sinalizou o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes.

A reunião entre os governadores foi marcada após os líderes se sentirem incomodados com o pronunciamento oficial do Presidente da República Jair Bolsonaro. Em fala transmitida na noite de terça-feira, 24, Bolsonaro afirmou que “algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada. A proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa”.

Na manhã desta quinta-feira, na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro voltou a defender a flexibilização do isolamento. Para o presidente, o mais adequado seria a adoção do isolamento vertical, ou seja, determinar a quarentena apenas às pessoas pertencentes aos grupo de riscos, como idosos e portadores de doenças crônicas.

A proposta foi rechaçada pelo presidente da Câmara dos Deputados. “Eu fico pensando como que alguém pode falar em isolamento vertical, se até hoje não apresentou uma proposta de contingenciamento pros idosos brasileiros mais pobres. Eu fico pensando como um governo pode falar de um assunto sabendo que temos milhares de idosos nas comunidades do Rio de Janeiro. Que São Paulo tem 7 milhões de pessoas acima de 60 anos, muitas delas certamente de baixa renda. Até hoje a gente não viu do Governo qual é a política pra isolar os idosos”.