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Governo interdita cervejaria após contaminação que matou uma pessoa

Exames realizados pela Polícia Civil de Minas Gerais identificaram a presença de uma substância que causou crises de renais em consumidores

Governo interdita cervejaria após contaminação que matou uma pessoa
O Ministério da Agricultura comunicou que as garrafas de cerveja dos lotes contaminados serão apreendidas cautelarmente. Foto: Agência Brasil

A contaminação de lotes de cerveja por uma substância tóxica usualmente empregada na refrigeração de bebidas industriais pode ter causado a morte de uma pessoa e a internação de outras sete, em Minas Gerais, nos últimos dias.

Diante do risco à saúde pública, o Ministério da Agricultura interditou nesta sexta-feira, 10, a Backer, fabricante da cerveja Belorizontina. “Na mesma oportunidade, foram determinadas ações de fiscalização para a apreensão dos produtos que ainda se encontram no mercado”, disse a pasta, em nota.

Logo após a Polícia Civil ter revelado o resultado da perícia, a cervejaria informou que recolheria todas as garrafas dos lotes L1 1348 e L2 1348. A medida, segundo a empresa, é preventiva, pois o dietilenoglicol não faz parte do processo de produção de suas cervejas. A empresa não aponta nenhuma hipótese para explicar como, então, a substância teria contaminado os produtos periciados.

O Ministério da Agricultura informou que auditores fiscais federais agropecuários — nas especialidades farmacêutica, química e de engenharia agronômica — prosseguem apurando as circunstâncias em que ocorreu a contaminação verificada pelas autoridades policiais nos lotes indicados, a fim de dar pleno esclarecimento à população dos fatos.

Entenda o caso

Exames laboratoriais realizados pela Polícia Civil de Minas Gerais identificaram a presença da substância dietilenoglicol em amostras de ao menos dois lotes de Belorizontina. As amostras dos lotes L1 1348 e L2 1348 foram recolhidas nas residências dos pacientes internados com insuficiência renal aguda e alterações neurológicas.

Segundo o superintendente de Polícia Técnico-Científica da Polícia Civil, Thales Bittencourt, o resultado das investigações é preliminar, não sendo possível, até o momento, afirmar como a substância contaminou as bebidas periciadas. “Só é possível afirmar que ela foi identificada em duas amostras”, disse.

Ainda conforme o ministério, análises laboratoriais seguem sendo realizadas nas amostras coletadas pela equipe de fiscalização das Superintendências Federais de Agricultura. “Novas informações serão prestadas após os resultados das análises laboratoriais feitas pelo ministério.”

Problemas de saúde graves

Segundo a Secretaria de Saúde de Minas Gerais, o primeiro dos oito casos de síndrome nefroneural foi registrado pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde em 30 de dezembro, em Belo Horizonte. A segunda vítima foi internada em um hospital de Juiz de Fora. Nos dias seguintes, outras seis pessoas deram entrada em hospitais da região metropolitana da capital mineira, com insuficiência renal aguda e alterações neurológicas centrais e periféricas. Na terça-feira, 7, um paciente internado em Juiz de Fora morreu em função de complicações no quadro.

Ainda de acordo com a Secretaria de Saúde, os pacientes apresentaram uma rápida deterioração do estado de saúde: em média, em dois dias e meio após o surgimento dos primeiros sintomas, as pessoas tiveram que ser internadas. Um nono caso foi descartado pelo fato de não apresentar os mesmos sintomas dos demais e por ter doença renal prévia.

Uma força-tarefa com técnicos das secretarias de Saúde de Belo Horizonte e de Minas Gerais e do Ministério da Saúde foi criada para acompanhar as investigações e as medidas necessárias à proteção da população.