Hortifrúti

Agricultores apostam na produção de morangueiro em casca de arroz

No sistema convencional da produção de morangos são necessários mil litros de água por dia para irrigar cerca de 3 mil plantas

Produzir mais e com economia está entre os objetivos de uma tecnologia que vem sendo usada por produtores de pequenas culturas no Rio Grande do Sul. No morango, por exemplo, o sistema simples traz economia de água e fertilizantes.

O Edevilson Pozza tem uma vida dedicada à agricultura. Na pequena propriedade em Farroupilha, na Serra Gaúcha, ele planta várias culturas, e o morango veio há quatro anos para ajudar na renda. Assim, ele começou com plantio em substrato até descobrir o cultivo na casca de arroz, material que normalmente é descartado pela indústria.

“Muda bastante. A gente percebeu que a parte de cima das folhas tem menos [sujeira] e a gente consegue fazer mais rápido a limpeza da muda e a parte do fruto vem com calibre mais grosso e mais saboroso”, comenta Pozza.

Vantagens do morango na casa de arroz

Uma das principais vantagens está na economia de água.

No sistema convencional da produção de morangos são necessários mil litros de água por dia para irrigar cerca de 3 mil plantas.

Enquanto isso, no sistema de produção em casca de arroz os mesmos mil litros demoram até uma semana para serem consumidos.

E um dos principais resultados está em um maior pegamento de frutos por planta.

Isso acontece porque, no convencional, a irrigação excedente cai no chão. No entanto, no novo sistema ela entra pelos canos finos e o que sobra é recolhido pela calha e volta para a caixa d’água, retornando de novo para as bancadas. E dessa forma torna-se o sistema sustentável.

“O custo para migrar de sistema é cerca de 30% maior, mas o investimento se paga em pouco tempo. A fertirrigação também exige que o cultivo seja no modo protegido”, afirma Edevilson Pozza.

Fator irrigação

Consultor técnico de irrigação Geferson do Reis explica que esse tipo de sistema não se resume à produção de morangos. Ele cita, por exemplo, que algo similar já é desenvolvido com flores. O destaque, conforme afirma, é o crescimento da produtividade.

“A irrigação é um grande complemento e entra como um avanço de 30% na produção. Quando você entra com fertilizante direcionado a parte nutricional que a planta precisa, consegue-se atingir uma qualidade e quantidade ainda maior. A gente já tem trabalhos no morango, temos trabalhos em flores até mesmo a produção de tomate já é algo que é possível. Aos poucos, pode ser expandido em algumas culturas que têm essa disponibilidade”, diz Geferson.

Com isso, o Pozza pretende migrar todas as bancadas para este modelo, sempre com foco em economizar e manter a qualidade da produção.

“Não vai tanto agrotóxico. Em relação à estufa normal se tem uma economia grande e fora ainda toda essa parte de doenças que o fruto fica seco e a casca de arroz que hoje é um beneficio bem mais barato do que o substrato normal.”