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Incêndios: propriedades abandonadas preocupam produtores no Pantanal

Segundo biólogo, pastagem sem tratamento adequado acumula gases e pode gerar combustão espontânea na temporada de seca

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Foto: Pixabay

Com as pastagens em chamas, pecuaristas do Pantanal falam em perdas incalculáveis pelas queimadas que atingem a região neste ano. O fogo já alcançou pequenas e grandes propriedades rurais em Mato Grosso, principalmente no município de Poconé, levando os produtores a analisar os prejuízos que terão no futuro.

A preocupação do pantaneiro e biólogo Elson Gonçalves dos Santos, 49, é com a propriedade do irmão, que foi atingida novamente pelo fogo, após levar cinco anos para se recuperar de outra queimada. “Você fica sem o capim e não consegue alimentar o gado. Sem a palhada, o rebanho emagrece e a produção cai. Até recuperar como era antes, leva muito tempo”, disse ele em declaração ao Senar-MT, publicada no site do Sistema Famato.

Segundo ele, um dos grandes problemas são as propriedades abandonadas na região. “Tem gente que compra terra no Pantanal e não cuida. A pastagem sem o tratamento adequado vai acumulando gases e, com a seca, entra em combustão naturalmente. Com isso, quem sofre são as propriedades vizinhas de gente que precisa e cuida do pasto e acaba sendo prejudicada”.

Na Fazenda São José, de Ricardo Arruda, não há mais cerca. “Felizmente, o gado não foi atingido, mas não tenho mais cerca para prender os animais. Corro o risco de eles sumirem e eu perder animal por conta da evasão. Agora vou ter que remanejar toda a fazenda para cercá-los novamente.”

Em Poconé, o sindicato rural é um dos articuladores do comitê que reúne produtores rurais e autoridades do município envolvidos no combate às queimadas. De acordo com o presidente do sindicato, Fábio Gomes, a sede da instituição é um dos polos para as discussões do plano de ação. “Estamos vivenciando a maior seca dos últimos 40 anos e criamos um comitê para analisar possibilidades de atuação com os órgãos públicos”.  

De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Santo Antônio do Leverger, Antônio Carlos Carvalho de Sousa, o maior inimigo é a baixa umidade. “A vegetação está muito seca, a umidade está baixa e qualquer faísca pode levar a uma queimada. O clima seco torna muito mais difícil de controlá-la”.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural

Capacitação

Todos os anos são ministrados treinamentos de combate ao fogo na lavoura e formação de brigada de incêndio, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT).

Segundo o supervisor da regional de Cuiabá da instituição, Natalino Márcio, neste ano foi adotada outra estratégia devido a impossibilidade de realização da reciclagem das capacitações. “A pandemia impactou diretamente nos treinamentos e não pudemos realizá-los, mas os sindicatos têm se reunido frequentemente com os produtores e repassado as orientações”.

Na visão do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, o produtor é um dos suportes no enfrentamento às queimadas. “Os produtores rurais nos dão apoio incondicional para a contenção de incêndios em vegetações e são os principais parceiros para promover ações de combate de incêndio no Estado”, afirmou o Comandante do Batalhão de Emergência Ambiental, tenente-coronel BM Gledson, durante live realizada no dia 29 de julho.