Manga de Livramento de Nossa Senhora vai se adequar ao Comércio Justo

Região é a segunda maior produtora da fruta na Bahia e perde apenas para JuazeiroA cor acinzentada, típica da vegetação do semi-árido, esconde a beleza das plantações de manga da comunidade Rio Abaixo, do município de Livramento de Nossa Senhora, localizado no sudoeste da Bahia, a 720 km de Salvador. As condições propícias de solo e clima para o plantio dessa fruta, aliada à introdução de novas tecnologias e à organização das comunidades, contribuíram para que essa região se tornasse o segundo maior produtor de manga do estado, perdendo apenas para Juazeiro.

Em 2009, a Cooperativa dos Pequenos Produtores de Livramento e Região (Copefrul) colheu 765 toneladas de manga, 98 de maracujá e 48 de melão. Seus principais clientes são de São Paulo, mas os cooperados também já negociam com compradores do Rio de janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais. Segundo a analista do Sebrae em Brumado, Mônica Teixeira, a cooperativa conseguiu verba junto ao Sebrae Nacional no valor de R$ 200 mil para realizar um projeto voltado para o Comércio Justo (Fair Trade). São as Frutas Briozzo, que serão lançadas no mercado ainda este ano.

Com a intenção de transformar o título de segundo maior produtor da Bahia em emprego e renda para a comunidade local, a Associação de Moradores da Comunidade de Rio Abaixo, com o apoio da prefeitura municipal de Livramento, através do Programa Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS), do Banco do Brasil, e da metodologia Gestão Orientada para Resultados (Geor), do Sebrae, elaborou o Projeto Fruticultura de Livramento e Dom Basílio. O projeto foi contemplado pela Fundação Banco do Brasil, que liberou aproximadamente R$ 610 mil para a construção de uma Packing House (casa de beneficiamento).

Suporte técnico e de gestão
Como uma associação não pode ter fins lucrativos, para que os moradores pudessem administrar a Packing House e comercializar as frutas foi criada a Copefrul, em julho de 2006.

? A cooperativa gerou emprego e melhorou a renda da comunidade ? conta o secretário e diretor de produção da Copefrul, Joel Cordeiro.

Em seguida, os cooperados contaram com todo o suporte técnico e de gestão comercial oferecido pelo Sebrae, assim como o apoio de outros parceiros como a Associação do Distrito Irrigado do Brumado (Adib), Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) e Empresa Baiana de Desenvolvimento Agropecuário (EBDA).

? Trabalhamos toda a base de gestão de cooperativa até a comercialização como cooperativismo, cultura da cooperação, finanças e controle de finanças ? informa a analista do Sebrae em Brumado, Mônica Teixeira. Segundo Cordeiro, esses cursos auxiliaram tanto no controle financeiro como administrativo da Copefrul. Além da capacitação, o Sebrae também apoiou os cooperados em viagens de negócios e apresentou compradores. Depois de auxiliar na organização da cooperativa, o Sebrae passa para a segunda fase do trabalho.

? Agora o objetivo é firmar a comercialização para que eles possam caminhar com suas próprias pernas ? conta a analista.

Manutenção
A cooperativa é formada por 50 produtores que possuem de dois a sete hectares de terra. Os cooperados utilizam a Packing House com câmara fria, túnel resfriado, equipe de colheita, embalagem, processamento, transporte e comercialização da produção. Depois do pagamento das despesas, o produtor contribui com uma taxa de administração no valor de 10% do seu lucro líquido para a manutenção da cooperativa.
? Com o primeiro ano trabalhando com a porcentagem que os produtores deixam aqui, já foi possível ampliar parte do escritório e comprar as caixas plásticas para trabalhar com a manga e o maracujá ? informa Joel Cordeiro.

O Comércio Justo e Solidário (CJS) é entendido como o fluxo comercial diferenciado, baseado no cumprimento de critérios de justiça, solidariedade e transparência, que resulta no fortalecimento dos empreendimentos econômicos solidários. Entre os princípios e características do CJS destacam-se a promoção de condições dignas de trabalho e a remuneração às atividades de produção, agregação de valor e comercialização, incluindo a prática do preço justo para quem produz e consome os produtos e serviços, e a sustentabilidade sócio-ambiental das redes de produção e comercialização; o respeito e a preservação do meio ambiente.