Política

Ministério vai apresentar novos mapas de estoque de carbono na COP26

Com o uso de uma ferramenta será possível identificar quais são as áreas potenciais no Brasil para a prática de economia verde

O Ministério da Agricultura lançou nesta quarta-feira, 27, mapas de estoque de carbono orgânico dos solos brasileiros.

A ferramenta será apresentada na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas deste ano (COP26), que ocorre a partir de 31 de outubro.

Segundo a pasta, em nota, a ferramenta vai subsidiar políticas públicas relacionadas às mudanças climáticas e à diminuição da emissão dos Gases de Efeito Estufa (GEEs).

Por meio desse trabalho, desenvolvido pela equipe de pesquisadores da Embrapa Solos, em parceria com a Embrapa Agricultura Digital, será possível identificar quais são as áreas potenciais no Brasil para a prática de economia verde, o que, de acordo com a pasta, vai afetar positivamente no cumprimento dos compromissos brasileiros para a mitigação das mudanças climáticas.

O ministério afirma que os mapas apresentam informações inéditas ao fornecerem um retrato detalhado do carbono orgânico estocado no solo brasileiro até a profundidade de 2 metros. Dentre as variáveis utilizadas para geração dos mapas estão as de relevo, como índice de fundo de vale plano, elevação e índice de rugosidade do terreno, e também as de clima, como precipitação média anual, temperatura do quadrimestre mais frio e radiação solar.

Brasil

De acordo com os mapas apresentados pelo chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Solos, Gustavo Vasques, a região da Amazônia e o Sul do Brasil possuem uma maior quantidade de estoque de carbono. “Tem um grande bolsão nas serras do Sul, onde tem solos formados com material mais rico, formado de basalto, e solos formados em altitude, em locais planos e de altitude. Esse ambiente propicia o acúmulo de carbono, porque a degradação é mais lenta, por causa do frio, e, ao mesmo tempo, tem uma boa produção de massa vegetal. Na Amazônia, a produção de massa vegetal e a produtividade primária são muito grandes. Então, apesar de ter um clima quente e com muita chuva, que promove a degradação, a ciclagem de nutrientes é muito grande, o que faz o carbono acumular”.

A distribuição espacial do estoque de carbono no solo pode variar de acordo com o tipo de solo, o clima, o material geológico que formou o solo. Foto: Divulgação/Embrapa

Em contraponto, a concentração de carbono é menor nos solos do Pantanal e da Caatinga. “O Pantanal tem solos mais arenosos. Então, apesar de ter uma quantidade de solos alagados, esses solos acumulam muito pouco, porque não têm material argiloso onde esse carbono pode ficar retido, onde a matéria orgânica é retida. Então, ela é perdida nas chuvas. A Caatinga é outro exemplo onde você tem estoques baixos, porque com pouca chuva você produz pouca vegetação. Como você não tem vegetação aportando carbono e matéria orgânica, esses solos, ao longo de milhares de anos, acumularam pouco carbono”, disse Vasques.

Ao comparar os mapas de estoque de carbono de 2017 e 2021, a 0-30 cm, o chefe de pesquisa da Embrapa Solos avaliou que o Brasil está no caminho certo. “Me chama a atenção o fato de que o estoque total, de mais ou menos 36 bilhões de toneladas de carbono, é bastante similar entre 1 km e 90 m. O que nos traz uma consciência de que estamos acertando no alvo, pelo menos de uma forma global. Esse estoque é 5% do estoque global de carbono de 0-30 cm e o Brasil é o país tropical de destaque, pelo seu tamanho, entre os países do mundo, contribuindo para o estoque global”.

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