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Gigantes do setor de máquinas agrícolas não vão participar de feiras em 2021

Segundo as companhias, intuito é evitar expor colaboradores e clientes ao novo coronavírus; decisão não deve afetar o total das vendas de equipamentos, na avaliação da Abimaq

A pandemia do novo coronavírus voltou a registrar números recordes no Brasil. Diante disso, para preservar colabores e clientes, as principais fabricantes de máquinas agrícolas no Brasil estão optando por não participar das feiras agropecuárias em 2021.

John Deere, AGCO (que representa Fendt, Massey Ferguson e Valtra) e CNH Industrial (dona das marcas Case IH e New Holland) confirmaram a decisão.

Em comunicado, a John Deere Brasil disse que a medida foi tomada “considerando o avanço da pandemia do coronavírus e visando à preservação da saúde de todos”. A companhia acrescenta que os 38 grupos de concessionários possuem autonomia para decidir pela participação em eventos regionais.

A AGCO foi além e decidiu não apoiar os concessionários que decidirem participar desses eventos, “para promover a reflexão sobre a importância do distanciamento social nesse momento delicado”.

Já a CNH Industrial informou que não participará de feiras agrícolas presenciais em 2021, ou enquanto não se alterarem as condições sanitárias para a realização de eventos de grande porte. “A empresa sabe da importância das feiras para o setor, mas entende que o momento deve ser de cautela para garantir a saúde e o bem-estar dos seus colaboradores, concessionários, clientes e parceiros”, comunicou a empresa, em nota.

Impacto na Agrishow

Procurada pela reportagem do Canal Rural, a assessoria de imprensa da Agrishow relatou que os organizadores não vão se posicionar ainda, pois não teriam recebido nenhum comunicado oficial da indústria.

Realizada anualmente no interior de São Paulo, a feira internacional de tecnologia agrícola pode ser uma das mais afetadas, já que as novidades do setor de máquinas são o seu forte.

As vendas de máquinas agrícolas vão cair? 

As feiras agropecuárias são vitrines importantes para as fabricantes. Porém, como a pandemia começou em março do ano passado, 2020 registrou grandes eventos presenciais apenas no primeiro trimestre.

Mas isso não foi o suficiente para derrubar as vendas de máquinas e implementos agrícolas no ano passado. A última projeção divulgada pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) apontava crescimento real, em que é descontada a inflação, de 12% em relação a 2019. O setor faturou cerca de R$ 20,5 bilhões.

“Tivemos uma ótima safra agrícola, as exportações do agronegócio bateram recordes e a valorização do dólar em 30% propiciaram uma grande rentabilidade para os agricultores das culturas de exportação como soja, milho, café, algodão, laranja, celulose e carnes”, ressalta o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Abimaq, Pedro Estevão.

Ele afirma que a ausência das marcas nas feiras agropecuárias não terá impacto no total de vendas do setor. “O impacto se dá no tamanho das carteiras, que tendem a ser menores sem as feiras. Uma carteira menor dificulta o planejamento fabril – mão de obra e materiais”, diz.

Segundo Pedro Estevão, o cenário para a indústria de máquinas agrícolas para 2021 continua positivo, porque o Brasil se tornou um grande fornecedor de alimentos para o mundo, principalmente para a Ásia. “Baseada nessa conjuntura, a previsão para o próximo ano é de um crescimento real de 3% (descontada a inflação), chegando a R$ 21,9 bilhões de faturamento”.