Mel brasileiro tem história e qualidade

Atualmente, atividade é exercida por cerca de 350 mil pequenos produtores brasileiros que encontram na apicultura um meio de sobrevivência

Fonte: CNA/Divulgação

A apicultura foi inserida no Brasil em 1839, quando algumas colônias de abelhas da espécie Apis Mellifera foram levadas até o Rio de Janeiro e desde então a atividade vem crescendo no país. Atualmente, a produção atende ao consumo interno e também é exportador para países como Estados Unidos, Canadá e Alemanha.  A atividade é exercida por cerca de 350 mil pequenos produtores brasileiros que encontram na apicultura um meio de sobrevivência. O produto tem reconhecimento pela sua qualidade, inclusive com premiações nacionais e internacionais.

A comercialização interna acontece em feiras populares, venda direta realizada pelos próprios produtores, em lojas especializadas, farmácias e supermercados. Segundo o último relatório oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil produziu, em 2013, 35 mil toneladas de mel, com destaque para o estado do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo.

História

A primeira raça de abelha do Brasil, conhecida como Apis Mellifera, foi trazida, em 1839, pelo padre Antônio Carneiro, de Portugal para a região das Missões, no Rio Grande do Sul. Trinta e um anos depois foram inseridas abelhas da espécie Apis Mellifera Ligustica L., reduzidas com a introdução das abelhas africanas. Houve também mistura destas espécies, gerando uma raça específica classificada pela comunidade científica como Abelha Europeia Africanizada ou simplesmente Abelhas Africanas e que produzem de quatro a cinco vezes mais mel que outras espécies.

Apicultores brasileiros

RS

No início, na década de 80, era apenas uma opção de renda extra, mas aos poucos a apicultura transformou-se na principal atividade para Eloir Kirsch e ele hoje é um de seus principais incentivadores. “É uma atividade de muito risco, sacrifícios e ferroadas. Mesmo assim vale a pena para quem é persistente”, afirma. Eloir começou a produção de mel com apenas cinco caixas e aos poucos foi expandindo até que a atividade virou seu principal negócio.

“A apicultura envolve muito conhecimento de sustentabilidade”, ensina Eloir. O apicultor destaca que para a atividade virar um negócio é preciso manter entre 200 a 250 caixas de abelhas. Se tudo der certo, cada caixa pode render em média de 20 a 25 quilos de mel por florada. Mas quando chove muito durante o período, a produção fica prejudicada. “Essas viradas de clima já aconteceram e temos de estar preparados. Sempre esperamos na próxima florada encher os tonéis”. Florada equivale a períodos de safra, que ocorrem de fevereiro a abril e entre os meses de agosto e outubro, dependendo da região.

SC

Julcemar Francisco Toazza é produtor na área de apicultura no município de Quilombo (SC) e trabalha no setor desde a infância. “Era uma apicultura artesanal e, em virtude da evolução científica e tecnológica e da dificuldade de manter as abelhas produzindo como em épocas passadas quando não havia o atual desequilíbrio ecológico, buscamos atualização”. Hoje o produtor tem um apiário que agrega aproximadamente 50 colmeias. Sua produção chega a 34 kg por colmeia a cada ano, um total de 1.700 kg anualmente.

A geração de renda, segundo Toazza, melhorou muito nos últimos anos. “Hoje há grande procura de todos os produtos oriundos da apicultura. Há tempos atrás, a comunidade procurava mel no inverno, mas hoje ele é um item da alimentação diária e as pessoas e empresas procuram pelo produto constantemente”. Toazza é presidente da Associação de Apicultores do Município de Quilombo (AAMQ) e considera que a entidade está sólida e em busca de fortalecimento. “Em primeiro lugar, precisamos salvar as abelhas, pois elas têm papel fundamental na autossustentabilidade do planeta. Não haverá equilíbrio ecológico se não houver as apiss mellíferas e as meliponídeas”, considera.

O produtor aponta o mel como excelente alimento para a saúde humana, destacando que a abelha produz produtos extremamente saudáveis, limpos e isentos de qualquer tipo de poluição. Para ele o lucro também é um aspecto de destaque. “Além da produção de mel e outros itens, a abelha faz o trabalho de polinização gratuitamente. Aproximadamente 40% da produção de alimentos do planeta hoje dependem destes insetos polinizadores: 50% das gôndolas dos supermercados estariam vazias se não existisse a abelha para polinizar toda essa linha de fruticultura, hortifrutigranjeiros e boa parte dos produtos agrícolas”, finaliza Toazza.

SP

Joel Santiago de Andrade, produtor rural, morador do interior paulista, no município de Itatinga, é de tradicional família de apicultores. O apicultor produz há mais de 15 anos e já conta com 650 enxames.

Em seu apiário produz diferentes tipos de mel tais como, os de florada de eucalipto, laranjeira e silvestre. Grande parte da sua produção é vendida para empresas de exportação, o que comprova a alta qualidade do mel. Ele também fornece para a merenda escolar da Prefeitura de Itatinga. Joel preside a Associação de Apicultores e juntos, os 65 integrantes produzem 600 toneladas de mel anualmente. A expectativa do produtor para os próximos anos é que o setor cresça, com aumento dos preços, maior produção e melhores oportunidades aos apicultores.