Índios liberam uma propriedade em Antônio João (MS)

Seis propriedades seguem ocupadas na região; CPI poderá ser aberta hoje para investigar relação do Conselho Indigenista Missionário com invasões em Mato Grosso do Sul

Fonte: Canal Rural

Índios que invadiram propriedades em Antônio João, a 300 quilômetros de Campo Grande (MS), liberaram uma propriedade na tarde de segunda, dia 31. Ao todo, seis fazendas permanecem ocupadas. Um representante do governo federal conseguiu, depois de longa negociação, fazer com que o grupo deixasse o local.

Ontem, o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, reivindicou a presença do Exército na área de conflito para restabelecer a ordem através de documento enviado ao Planalto. Ainda não houve resposta oficial do governo federal sobre a questão. No entanto, de acordo com o assessor jurídico da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Gustavo Passarelli, a presidente Dilma Rousseff já teria deferido a autorização para o deslocamento das tropas para a região. Equipes do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) e da Força Nacional estão no local.

Segundo o sindicato rural de Antônio João, todas as propriedades do local são voltadas à pecuária e estão com as atividades paralisadas. Na sexta, foram contabilizados cerca de 1300 índios no local.

Entenda

Na última semana, indígenas invadiram sete propriedades na cidade, que faz fronteira com o Paraguai. Houve confronto no último sábado, dia 29, quando índios atiraram contra carros no local. A Polícia Civil de Antônio João (MS) investiga a morte do índio Semião Fernandes Vilhalva, 24 anos. O integrante da aldeia Marangatú, da etnia guarani-kaiowá, foi achado morto no córrego da fazenda onde estão ocorrendo conflitos entre produtores rurais e indígenas. A princípio, a tribo não permitiu que a perícia se aproximasse do corpo. Investigadores só tiveram acesso ao local depois que o Exército e a Força Nacional chegaram. O índio tinha um orifício na cabeça, provocado por um tiro de calibre 22. O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Ponta Porã. A necropsia já foi feita, mas o laudo ainda não foi divulgado.

No perfil da organização comunitária Aty Guasu em uma rede social, índios das etnias guarani-kaiowá e terena divulgaram na segunda, dia 31, uma nota informando que 20 mil indígenas seriam enviados para a região de conflito com produtores rurais em Mato Grosso do Sul. De acordo com a assessora da deputada estadual Mara Caseiro (PTdoB), hoje será votado um requerimento para a abertura de uma CPI contra o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) na Assembleia Legislativa de Campo Grande. O objetivo é averiguar a participação e ligação do conselho com as invasões no estado. Mara vai liderar a CPI, mas para que ela seja aberta, são necessários oito votos a favor durante a sessão plenária.

Procurado ontem pela reportagem, o Cimi informou não ter conhecimento sobre o possível envio de mais de 20 mil índios para apoiar o conflito na cidade.