Pecuária

Venda de aves natalinas por frigoríficos do Paraná deve crescer até 25%

Empresas como Copacol e Frangos Pioneiro registram maior procura pela proteína, que tem bom custo-benefício em relação à carne vermelha

Com valor acessível, o “frango de festa” é uma boa opção para paladares exigentes nas festas do fim de ano. Com alta no valor da carne vermelha, frigoríficos do Paraná, como Copacol e Frangos Pioneiro, registraram maior procura pela proteína, que tem bom custo-benefício. As duas empresas estimam que a venda de frangos de festa crescerá de 20% a 25% em 2021.

A supervisora de Pesquisa e Desenvolvimento da Copacol, Carolyne Godoy, lembra que o frango de festa é produzido a partir de linhagens especializadas, com peso selecionado. “O produto possui versões temperadas, é suculento e tem carne macia”, enumera.

O Grupo Pioneiro também ofertará frango de festa ao consumidor. “Selecionamos as maiores aves da produção para fazer a Ave Familio, oferecendo um produto de excelência e qualidade para compor os jantares familiares”, informa a empresa.

frango da Copacol
Foto: Aline Sandri/Copacol

A produção de frango de festa não difere da criação comum de aves. A seleção pode acontecer por meio do peso dos animais, sendo que os maiores se tornam os produtos especiais. Na Copacol, o produtor vê a diferença no tempo de alojamento, que sai de 43 (abate convencional) para 50 dias, com peso médio do frango de 3,7 kg.

As aves selecionadas pelo Grupo Pioneiro seguem peso semelhante, com cerca de 3,5 kg. Carolyne Godoy afirma que a produção de frangos maiores traz lucro aos avicultores integrados da Copacol. “Eles são remunerados conforme o peso entregue, então há vantagem financeira em produzir às Aves Navidad”, diz ela, referindo-se ao nome comercial do produto da cooperativa.

Paraná lidera produção

O Paraná lidera há décadas a produção nacional de frangos. No ano passado, o Paraná respondeu por 35,47% de frangos abatidos e 40,19% da exportação de aves do Brasil. Ao longo de 2021,os embarques paranaenses de carne de frango aumentaram e o produto chegou mais caro à gôndola dos supermercados do país.

Com uma atividade extremamente tecnificada que premia a competência, a avicultura também tem uma produção integrada. As indústrias garantem valores aos avicultores, mesmo com a alta dos insumos, como o milho.

O número de frangos abatidos no Paraná, entre os associados do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), chegou a 1,631 bilhão de cabeças de janeiro a outubro de 2021, uma leve queda no período, se comparado com o mesmo período do ano anterior, que foi de 1,632 bilhão de aves. Mas os dados ainda são preliminares; até o fim de dezembro, o número deverá aumentar.

Exportação de frango

As exportações de frango do Paraná cresceram quase 10% de janeiro a setembro deste ano, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Foram exportados 1,364 milhão de toneladas de janeiro a setembro de 2021, ou 9,86% a mais que as cerca de 1,242 milhão de toneladas do mesmo período do ano passado. Em relação ao valor obtido com os embarques, o crescimento foi ainda maior, de 18,5%. Foram faturados na exportação de frangos US$ 2,089 bilhões de janeiro a setembro de 2021, ante US$ 1,763 bilhão de janeiro a setembro de 2020.

De acordo com o Sindiavipar, os principais destinos da carne de frango paranaense são a China, África do Sul, Emirados Árabes, Japão e Arábia Saudita. Para os países árabes há uma preocupação para o abatimento de frango com os rituais religiosos. A técnica hala determina que os animais sejam abatidos com um corte em movimento de meia-lua no pescoço, para que não sofram e não liberem enzimas na carne na hora da morte.

Recordes nacionais

Segundo levantamento do Sindiavipar, no Brasil houve aumento de 10,45% no volume produzido de janeiro a outubro deste ano, com crescimento da receita de 25,1%. O total obtido no período de janeiro a outubro de 2021 foi de US$ 6,339 bilhões, superando em muito a receita do mesmo período do ano anterior, de US$ 5,066 bilhões.

O setor deve alcançar novos patamares em produção, consumo per capita e exportações de aves, com novos recordes em 2021 e 2022, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

A produção de carne de frango deverá alcançar neste ano até 14,35 milhões de toneladas, número 3,5% superior ao registrado no ano passado, com 13,85 milhões de toneladas. Já o volume projetado para 2022 poderá chegar até 14,90 milhões de toneladas, volume 4% maior que o de 2021.

As projeções para as exportações apontam para embarques totais neste ano de até 4,580 milhões de toneladas, número 8% superior ao alcançado em 2020, de 4,231 milhões de toneladas. Em 2022, as vendas internacionais poderão chegar a 4,750 milhões de toneladas, volume que supera em 5% as exportações projetadas para este ano.

Com relação ao consumo per capita, o índice deverá alcançar este ano 46 quilos por pessoa, número 2% maior que o consumo registrado em 2020, de 45,27 quilos. Já em 2022, o consumo per capita projetado alcança 48 quilos, número 4% maior que o esperado para 2021. Tanto a produção quanto as exportações projetadas para 2021 e 2022 são recordes históricos.

Custos de produção

Da porteira dos aviários para dentro, no entanto, esse cenário não foi suficiente para dar um respiro ao avicultor. Em todas as praças aferidas pelo levantamento realizado pelo Sistema Faep/Senar-PR, a remuneração recebida pelo avicultor não tem sido suficiente para cobrir os custos da atividade. O levantamento dos custos de produção realizado pela entidade em oito praças paranaenses revela que, em todas, os produtores estão trabalhando no vermelho. É verdade que a remuneração pelo quilo de frango entregue à agroindústria foi reajustada nas localidades. Essa reposição, no entanto, foi insuficiente para cobrir os custos totais da atividade, que subiram a um índice superior.

“A produção e a exportação aumentaram, mas isso não está se refletindo para os produtores. Ainda que tenha havido aumento de receita, isso não bastou para cobrir os custos de produção”, resume Mariani Ireni Benites, do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema Faep/Senar-PR. “A avicultura tem um perfil de produtores diversificados. De um modo geral, cada um está tentando se equilibrar como pode, cortando onde dá”, acrescenta.

Cereais de inverno

O Paraná está investindo nos cereais de inverno como trigo, aveia granífera e triticale como alternativa para fugir da dependência do milho, o que pode gerar bons resultados em áreas ociosas.

O Programa Cereais de Inverno e Segunda Safra (PR-Cein2) é uma parceria entre o Sindiavipar, a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento-Seab, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) e Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).

A intenção do projeto é estimular o plantio de cereais rentáveis e utilizáveis na produção animal, em áreas que estão ociosas e disponíveis no inverno, para suprir a necessidade do milho. Segundo o presidente do Sindiavipar, Irineo da Costa Rodrigues, a campanha é promissora e foi pensada em conjunto, com foco em atender o produtor, o consumidor e a indústria.