Aves e Suínos

Sul do Brasil permanece em alerta máximo para gripe aviária

Com o período de pico de aves migratórias se aproximando, é provável que a gripe aviária chegue ao Brasil, dizem especialistas

Nos últimos meses, tem havido um aumento nos focos de gripe aviária em países da América do Sul, o que tem gerado tensão no setor avícola brasileiro.

Órgãos de defesa agropecuária e entidades ligadas ao setor reforçam a importância do rigor nas barreiras sanitárias dentro dos aviários e projetam o cenário caso o Brasil entre na lista de países com ocorrências da doença.

O estado do Paraná é especialmente vulnerável, uma vez que responde por 40,8% do volume exportado de carne de frango pelo Brasil, com um grande número de aves abatidas e embarcadas a cada ano.

Com o período de pico de aves migratórias se aproximando, é provável que a doença chegue ao país, embora a infecção deva atingir apenas aves silvestres, cujo impacto é menor.

Mapeamento de riscos

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) afirma que o estado está preparado para lidar com possíveis focos da doença.

A vigilância ativa nas propriedades comerciais e de subsistência é intensa, e o estado mantém o nível de amostras colhidas no ano passado.

O Laboratório de Ecologia e Conservação da UFPR enfatiza a importância da fauna marinha como um sentinela e um indicador da presença do vírus.

Embora a gripe aviária represente uma grande tensão sanitária para a cadeia avícola brasileira, o país está buscando se adequar e adaptar-se a essa situação.

Impactos na avicultura brasileira

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) lembra que a infecção de aves silvestres e de subsistência em um determinado local tem um impacto menor, já que não interfere no status sanitário do país para efeitos de comércio internacional.

No entanto, se houver foco em plantéis comerciais, o efeito é mais crítico, apesar da capacidade de reação rápida na solução da contaminação constar no plano de ação dos estados.

A certificação de status livre em todo o território nacional não é unanimidade dos mercados importadores.

Segundo Sula Alves, diretora de mercado da ABPA, hoje muitos mercados não exigem mais a ausência de influenza aviária em todo o país, mas sim na granja de proveniência na região em um raio de 10 quilômetros a partir do foco.

Portanto, embora seja uma doença de grande preocupação, a situação atual já não é como era em anos anteriores.

No Rio Grande do Sul, que está na divisa com a Argentina e Uruguai e tem casos em um raio de 100 km, a Divisão de Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura do Estado mantém ações permanentes contra a doença.

Equipes monitoram aves migratórias com uso de drones e realizam testes sanitários.

Além disso, foram fiscalizadas 347 granjas e coletadas amostras, e não houve detecção do vírus em nenhuma delas.

Rosane Collares, diretora de vigilância e defesa sanitária animal da Seapi/RS, afirmou que ampliaram muito as áreas de vigilância, com 26 equipes a campo buscando a ausência da comprovação da circulação viral em março.

É importante notificar imediatamente o serviço veterinário oficial ao notar qualquer alteração, já que a influenza aviária se caracteriza por sinais nervosos e respiratórios, que também são sintomas de várias outras enfermidades.

No Estado, a atenção está nas aves de subsistência, que são criadas soltas no pátio para consumo das famílias. A orientação é prendê-las para que não se contaminem e possam transmitir para os plantéis comerciais.

Isso vale para todas as espécies, como galinhas caipiras, poedeiras, patos, codornas e perus, por exemplo. A atividade ocupa o segundo lugar no valor bruto da produção do estado, ficando somente atrás da soja.

Em Santa Catarina, estão sendo adotadas medidas para orientar a cadeia produtiva e realizar testes, além de suspender exposições de aves.

A Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola (Cidasc) também está capacitando os médicos veterinários para detectar a doença de forma mais rápida.

De acordo com Diego Severo, diretor de Defesa Agropecuária da Cidasc, estão sendo mapeadas todas as propriedades que estão em volta dos locais de maior risco, como a foz do rio Araranguá e do rio Itajaí.

Além disso, estão fazendo uma campanha de comunicação para conscientizar a população sobre os cuidados necessários para evitar a disseminação da doença.