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Leite: preço pago ao produtor subiu mais de 7% em junho, quarta alta seguida

A média de preços esteve 34,2% acima do mesmo período do ano anterior, resultado da menor disponibilidade de matéria-prima no campo

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Foto: Wenderson Araujo/CNA

De acordo com as pesquisas realizadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, o preço pago ao produtor de leite atingiu a quarta alta consecutiva em junho, fechando a “Média Brasil” líquida em R$ 2,201/litro, aumento de 7,5% em relação ao mês anterior. E as expectativas sobre o leite captado em junho e pago ao produtor em julho apontam para nova elevação, em torno de 5%.

De acordo com as pesquisadoras Natália Grigol e Juliana Santos, de janeiro a junho de 2021, a média de preços esteve 34,2% acima do mesmo período do ano anterior, resultado da menor disponibilidade de matéria-prima no campo. A limitação da oferta se dá em consequência da forte estiagem em importantes bacias leiteiras e da alta expressiva nos custos de produção.

Segundo pesquisas do Cepea, houve expressivo aumento de 11,5% nos custos de produção no primeiro semestre de 2021 frente à primeira metade de 2020, resultado das valorizações dos grãos e do dólar. Vale destacar que a desvalorização do Real frente às moedas estrangeiras resultou não somente no aumento das exportações de grãos e na diminuição da oferta doméstica como também encareceu os insumos produzidos com matéria-prima importada, como é o caso de adubos e corretivos e sais minerais.

Porém, com a ligeira valorização do Real no último mês, o preço do concentrado na “Média Brasil” registrou pequena queda em junho. No entanto, os consecutivos meses de perda nas margens do produtor levaram muitos pecuaristas a diminuírem os investimentos na atividade, uma vez que o estímulo da alta nos preços do leite não tem garantido rentabilidade como em anos anteriores.

Do lado da indústria, o repasse da valorização no campo para o consumidor segue conflituoso devido à demanda enfraquecida e ao menor poder de compra dos brasileiros. Laticínios e cooperativas têm mantido os estoques enxutos por conta de sua margem espremida, de modo a conseguirem maior poder de barganha para elevar preços.

Em junho, as cotações do queijo muçarela, leite UHT e leite em pó negociadas no atacado de São Paulo aumentaram 16,1%, 8,6% e 2,6%, respectivamente, em relação a maio/21. Esse resultado deve sustentar a alta de preços ao produtor pelo leite captado em junho e pago em julho.

No entanto, o movimento altista no mercado de derivados lácteos tem perdido força em julho, por conta dos elevados patamares de preços associados à demanda fragilizada. Junto a isso, os volumes de lácteos importados nos últimos meses devem diminuir a forte competição entre indústrias pela compra de leite no campo. Isso já foi sinalizado pelo desempenho do mercado spot em julho.

A pesquisa do Cepea mostra que, em Minas Geais, o leite spot registrou média de R$ 2,52/litro em julho, queda de 9,4% frente a junho. Esse resultado evidencia o controle do volume estocado das indústrias, indicando possíveis recuos nos preços da matéria-prima para agosto em relação ao leite captado em julho.