Pecuária

Pecuária não precisa abrir áreas na Amazônia para progredir, diz Acrimat

Diretora executiva da entidade, Daniella Bueno, afirma que, com ganho de produtividade, houve redução de 1 milhão de hectare de pastagens em Mato Grosso em 10 anos; ela reforça 99% dos pecuaristas respeitam a lei ambiental

A sustentabilidade na pecuária brasileira foi tema do programa Direto ao Ponto deste domingo, 12. De acordo com diretora executiva da Associação Brasileira dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Daniella Bueno, a agropecuária brasileira não precisa abrir mais áreas na Amazônia para se desenvolver.

“Para você ter uma ideia, em Mato Grosso, o produtor ou pecuarista, só pode utilizar 50% dos seus ativos de terra. E para pecuária, desses 50%, ele só utiliza 50%”, informou.

A dirigente da Acrimat ainda destaca o ganho de produtividade da pecuária mato-grossense como cenário de menor pressão pela abertura de novas pastagens. Segundo ela, entre 2009 e 2019, o estado ampliou o rebanho de 27 milhões de cabeças para 30 milhões de cabeças de gado. E a área ocupada nesses 10 anos para a atividade caiu de 25,3 milhões de hectares para 24 milhões de hectares. “Ou seja, a pecuária liberou para a agricultura, nos últimos 10 anos, mais de um milhão de hectares”, pontuou.

Daniella Bueno também afirmou que Mato Grosso é um dos estados que mais tem ampliado o uso da técnica de integração lavoura-pecuária. “Essa prática proporciona até três safras num só ano. A gente tem gado, milho, soja num só ano na mesma terra. Essa é a tendência. A gente melhora nossa produtividade, nossas técnicas e a gente não precisa abrir mais terras”, acrescentou.

Falta de informação

Na visão da executiva da Acrimat, ainda existe muita desinformação a respeito da sustentabilidade da agropecuária brasileira. Ela reforçou que os produtores investem R$ 20 bilhões por ano para manter as áreas preservadas dentro de suas propriedades. O dado é de uma pesquisa das Embrapa Territorial divulgada em junho.

 “Os produtores têm hoje valores de terras usadas para conservação, de R$ 3,5 trilhões. Sem dúvida alguma, o produtor brasileiro é o maior conservador do meio ambiente do Brasil. Nenhuma outra categoria, nem mesmo o governo federal investe esse valor na preservação do meio ambiente”, esclareceu. A pesquisa mostrou ainda que a área ocupada com unidades de conservação em terras indígenas e vegetação nativa representa o tamanho do território de 15 países da União Europeia.

Além disso, conforme Daniella Bueno, 99% dos pecuaristas respeitam a legislação ambiental. E ela acredita que programas de pagamento por serviços ambientais, como o Floresta+, lançado esta semana pelo governo federal, vão ampliar ainda mais esse percentual.  “A gente tem a absoluta certeza de que não é a pecuária, não é a agricultura que vem destruindo o meio ambiente, principalmente, a florestal Amazônia”.

Daniella reforçou que o Brasil, além da sua própria população, abastece 154 países com a carne bovina produzida em solo nacional. A alta procura do alimento brasileiro tem explicação: qualidade com sustentabilidade, principalmente, na parte da sanidade animal. Mas as regras ambientais brasileiras ainda são motivo de críticas dos países concorrentes: “A nossa legislação ambiental, apesar de ser uma das melhores do mundo, e mais rígida, ainda está num patamar não muito aceito”, disse.

Projeto Fazenda Pantaneira Sustentável

Em 2018, uma parceria público-privada lançou o projeto Fazenda Pantaneira Sustentável. Trata-se de uma iniciativa que busca alternativas para se produzir com sustentabilidade no campo. Mato Grosso aderiu ao programa que atualmente reúne 15 fazendas de gado de corte do estado.

“O projeto iniciou em 2019 e vai até 2024. A gente fez um diagnóstico com índices de preservação, de manejo, de gestão de sanidade, de produção e essas propriedades estão assumindo o compromisso com o meio ambiente”, ressaltou.

Além desse projeto, Daniella revela que a Acrimat apoia outros programas sociais, como o Produção Sustentável de Bezerros, que tem como objetivo oferecer aos produtores de carne de Mato Grosso ferramentas que permitam melhorar os resultados da cria nos aspectos econômico, social e ambiental.

“O projeto atende cerca de 300 propriedades no estado, com foco na qualidade dos animais produzidos, sem deixar de viabilizar a recuperação de áreas de preservação permanente, com aumento da produtividade, o que garante renda aos produtores”.