Peixes

Desânimo: pescador relata perda de 'ganha-pão' após infestação de piranhas

'A cada dia que passa a população de piranha só aumenta e não sabemos mais o que fazer, pois não temos mais o que pescar'

A presença de piranhas vermelhas no Rio Jacuí está assustando pescadores do Rio Grande do Sul. Em um relato emocionado, o presidente da Associação de Pescadores de Santo Amaro do Sul, Everson Flores, explicou que há cerca de dois meses vem assistindo a oferta de peixes cair nesse distrito do município de General Câmara (RS), enquanto as piranhas aparecem em abundância.

“Hoje eu pego mais uma palometa, uma piranha. Por causa desse peixe, pescadores de Santo Amaro, Rio Pardo, Cachoeira, General Câmara e São Jerônimo não conseguem mais pescar. Esse peixe devora tudo o que vê, incluindo nossas redes. Quem pegava de 15 a 20 kg de peixe por dia, atualmente não pega mais do que 2 quilos de peixe”, disse.

Flores diz que já tem 74 piranhas armazenadas em casa, pescadas nos últimos dias. “Estamos apavorados, pois estão procriando demais. A cada dia que passa a população só aumenta e não sabemos mais o que fazer. Pedimos ajuda para o Ibama, autoridades, pois estamos passando fome por não ter mais o que pescar”.

piranhas vermelhas
Foto: assessoria do deputado federal Jerônimo Goergen/divulgação

De acordo com Maurício Vieira de Souza, analista ambiental do Ibama  no Rio Grande do Sul, a espécie palometa é invasora e o resultado dessa interação com os peixes nativos é imprevisível.

“Estamos enfrentando problemas de invasão biológica da palometa, que é uma espécie nativa da bacia do rio Uruguai.  Essa invasão tem trazido preocupação para comunidade de pescadores da região, mas ainda não se sabe a extensão do problema”, disse.

Para fazer uma análise mais profunda, ele pede ajuda de todos que tiverem contato com o animal. “Solicitamos que pessoas que tiverem contato com esse animal encaminhe as informações ao Ibama ou secretarias do meio ambiente, seja do município ou do estado,  para que a gente enxergue o tamanho do problema”, completou.

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Foto: assessoria do deputado federal Jerônimo Goergen/divulgação

Segundo Maurício, esse tipo de invasão é difícil de ser eliminada. “Geralmente, temos que nos acostumar  a conviver com essas espécies, por mais que cause transtornos. No caso da piranha, ainda não sabemos o quanto está consolidada essa invasão. E também não sabemos qual será o comportamento desses animais a médio e longo prazo. A tendência é que comecem com uma explosão populacional, mas com o tempo elas entrem em equilíbrio com o ambiente, de forma menos agressiva”, disse.

Mas, para os pescadores, essa possibilidade pode levar muitas famílias a abandonar a profissão. “Se continuar do jeito que está,  até o fim do ano o pescador terá que ir embora ou procurar outro serviço. Ela destrói tudo o que encontra pela frente”, disse Everson Flores.