Pecuária

Produtores de Goiás afirmam que lucro de cordeiros para corte supera carne bovina; veja dicas

Considerada uma carne premium, o corte ganhou destaque nos cardápios em comemoração à reabertura dos bares e restaurantes após período de isolamento

Rica em minerais e uma excelente fonte de vitaminas do complexo B e proteínas, a carne de cordeiro vem ganhando espaço em restaurantes de Goiás. Considerada uma carne premium, geralmente consumida em ocasiões especiais, o corte ganhou destaque nos cardápios em comemoração à reabertura dos bares e restaurantes após o período de isolamento.

Com baixo teor de colesterol, gordura saturada e maciez dos cortes, a carne de ovinos tem agradado o paladar dos consumidores. Segundo especialistas, esse novo comportamento é tendência. “Hoje, nosso fornecedor está se adequando para conseguir nos atender. Importamos carne do Uruguai e Chile, porque o volume de pedidos dos restaurantes, empórios e supermercados premium que trabalham conosco também tem aumentado. Sabemos que alguns estabelecimentos tiveram dificuldade em repor seu estoque após a quarentena”, conta o proprietário de boutique de carnes Boi Verde, Fernando Novelli, de Aparecida de Goiânia (GO).

Mesmo sendo uma atividade desenvolvida paralelamente a outras fontes de renda da propriedade, percebendo o aumento no consumo, os produtores  da região estão investindo na criação de ovinos. “No último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, Goiás contava com 33 mil caprinos e 113 mil ovinos. Existe um mercado potencial, principalmente para a carne. Contudo, para o sucesso da atividade é de extrema importância a busca por conhecimento e técnicas adequadas de manejo, sanidade e nutrição animal”, afirma a coordenadora técnica de Formação Profissional Rural (FPR) do Senar Goiás, Claudimeire de Castro.

“Recentemente, temos visto investidores que estão entrando com muita técnica, focados na criação de ovinos e caprinos no Cerrado, com bons projetos que chegam a atingir até 3 mil cabeças. O estado reúne boas condições climáticas, já que os animais são versáteis e se adaptam bem ao meio em que habitam. Com boas práticas de manejo e sanidade, é possível produzir bem e ingressar com competitividade neste nicho de mercado”, completa médico veterinário e instrutor do Senar Goiás, Tayrone Freitas Prado.

Com o crescimento em escala, instituições do Estado estão apoiando e treinando os produtores. O Senar Goiás, Faeg e Emater estão fazendo um trabalho de capacitação, representação institucional e assistência técnica para quem deseja investir na atividade. 

Nos últimos 10 anos, o Senar Goiás promoveu 300 treinamentos ligados à ovinocaprinocultura, e o número de treinamentos apenas cresce. Segundo a coordenadora de FPr do Senar Goiás, Claudimeire de Castro, cerca de 2 mil trabalhadores rurais já foram capacitados. Durante as aulas, o participante aprende mais sobre o cenário atual da produção no Brasil e no mundo, além de estudos práticos das melhores técnicas para o produção no Cerrado.

“Montamos uma estrutura de confinamento e temos interesse em fazer parceria com outros produtores da região. Fazemos a visita técnica, fornecemos os reprodutores, auxiliamos na estruturação do rebanho, no acompanhamento da produção e efetivamos a compra do cordeiro na desmama. Intuito é dar volume e garantir o desenvolvimento da ovinocultura na região”, considera o criador de ovinos para corte e dono de uma indústria de laticínios, à base de leite de vaca, e presidente do Sindicato Rural de Inhumas, Alex Praxedes.

Tayrone diz que é necessário ter assistência, persistência e insistência para aqueles que querem começar a atividade agora. “Vale encontrar um fornecedor idôneo e ter uma visão mais holística sobre o plantel. O produtor que está iniciando deve buscar parceiros na sua região e não juntar muitos rebanhos diferentes na fazenda. Comprar animais só olhando preço, vai gerar uma salada de doenças”, orienta. 

No Brasil, em especial Goiás, há um grande potencial de crescimento em relação à criação de caprinos e ovinos. Tayrone observa que a taxa de retorno da ovinocultura se mantém acima do boi e o preço pago pelo quilo do animal vivo é bastante valorizado, por isso, mesmo que o produtor não abata na fazenda, é um negócio lucrativo.

O produtor Eduardo Alves, proprietário da Alge, empresa especializada em produtos da roça, cria cordeiros há 8 anos e, atualmente, possui 300 matrizes em regime de semiconfinamento. “Nossos clientes valorizam padrão de qualidade. Os cordeiros são desmamados com dois meses e recebem alimentação suplementar desde cedo, em clipes individualizados. Medimos, anotamos, acompanhamos  diariamente a evolução até que o cordeiro esteja com 35 a 40 quilos Vejo como grande desafio do setor a falta de uma legislação específica para abates pequenos”, diz.