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La Niña aumenta incidência de granizo e raios nas lavouras

Três Pontas, no sul de Minas Gerais, pedras de gelo devastaram áreas de café; e há previsão de mais ocorrência de granizo para esta quinta-feira, 12

Por se tratar de uma estação de transição entre o inverno seco e frio para o verão, quente e chuvoso, a primavera apresenta naturalmente muitas instabilidades. É por isso que, nessa época, registram-se recordes de calor e grandes temporais com granizo. Quando se fala a primavera onde a atmosfera está mais fria do que o normal, esta situação se agrava ainda mais.

Nesta semana, lavouras de café na cidade de Três Pontas, no sul de Minas Gerais, foram devastadas por pedras de gelo. O vento e a chuva forte destelharam galpões na zona rural. O granizo queimou folhas e brotos de café, além de ficar acumulado no solo. A produção pode ficar comprometida para o próximo ano, e os produtores ainda estão avaliando os estragos, tentando usar a pulverização para sanar as lesões nos ramos, folhas e frutos.

Para esta quinta-feira, 12, o potencial para granizo aumenta no sul mineiro, assim como em áreas de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. Podem ser afetadas novamente áreas de café, além de soja. No Sudeste e Centro-Oeste, os temporais continuam nas próximas 24 horas, mas a chuva perde intensidade no Sul.

Raios

Segundo especialistas, não é apenas a ocorrência de granizo que é maior quando estamos sob os efeitos do fenômeno La Niña. Com o resfriamento das águas do oceano Pacífico Equatorial, há maior ocorrência de raios. O índice de descargas elétricas que provocou mortes em produtores rurais aumentou 26% entre 2000 e 2019 em anos de La Niña.

“Nesses anos, quando há nuvens de tempestade, a temperatura cai rapidamente para 0 °C dentro da nuvem, provocando o congelamento das gotas d’água. A maior quantidade de gelo, além de produzir mais granizo, também induz a maior ocorrência de descargas elétricas quando estas pedras de gelo colidem”, informa Celso Oliveira, meteorologista da Somar.