Produtores do interior de São Paulo apostam no cultivo simultâneo de cana e goiaba

Apesar da região de Ribeirão Preto (SP) ter a base da economia sustentada pelo setor sucroenergético, produtores de Terra Roxa lucram com plantio de goiabasA região de Ribeirão Preto (SP) tem a base da economia sustentada pelo setor sucroenergético. São canaviais, indústrias de base e usinas que funcionam a todo vapor. Mas em uma propriedade localizada na cidade de Terra Roxa, a cana divide espaço com o cultivo de goiabas.

A sede da antiga fazenda Santa Alice foi restaurada e sustenta até hoje a estrutura original. Segundo a proprietária, Renata Ralston, a história da fazenda começou no início do século passado.

? Era uma fazenda toda em mato e foi comprada em primeiro de maio de 1917. Passada a escritura, foi desmatado e plantado café, era o auge em Ribeirão Preto. Na década de 60, entraram os cereais, o café foi tirado até 90. Em 90 entrou a cana-de-açúcar ? conta.

A cana entrou em cena e não saiu. São mais de 600 hectares plantados que alimentam duas usinas da região.

No fundo da fazenda, há uma plantação vizinha convivendo lado a lado com a cana. São 16 mil pés de goiabas. Já são 63 hectares que aos poucos vão ganhando mais espaço.

? Hoje o carro forte ainda é a cana, mas a goiaba dá uma estabilidade na fazenda, você não deve ficar preso só a uma cultura, não sabe o que vem pela frente. Ter duas culturas e a fábrica dá mais segurança ? relata Renata.

A colheita da fruta dura o ano todo.

? É um ciclo para ter goiaba anual. Isso vai da condução da poda, do manejo de poda e em sequência, da colheita, e ela produz o ano todo. Não para de colher nunca ? conta o administrador da propriedade, José Luiz Franco de Toledo.

Após a colheita as goiabas são trazidas para fábrica que funciona dentro da fazenda. Elas são selecionadas e passam por várias etapas até se transformar em um delicioso doce de goiaba.

A fábrica inaugurada na década de 60 fechou em 1999 e cinco anos depois retomou a produção. Quando reabriu em 2004 a produção era de três toneladas. Sete anos depois já são 100 toneladas vendidas para vários Estados. São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso são os maiores consumidores.

? A gente espera crescer, sem perder a qualidade, talvez dobrar a produção, 200 toneladas, talvez 400. Quem manda é o mercado, o foco é não perder a qualidade ? explica o engenheiro de alimentos, Gustavo Balardin.

E que qualidade: doce de goiaba, goiabada cascão, goiabinha, dá até para esquecer da cana.

? Tem que diversificar, não pode ficar só na cana, plantar goiaba, manga, tomate. O produtor do Estado de São Paulo precisa ter esta visão, outras culturas inclusive para gerar mais emprego ? conclui Balardin.