Diversos

Solidariedade: menino que estudava na lavoura agora tem internet dentro de casa

Uma empresa de internet doou e instalou os equipamentos de na casa do pequeno Alan, que agora não precisa mais ficar em uma tenda no meio do campo para assistir às aulas online

Nós mostramos aqui, no Canal Rural, nesta semana, a  rotina do estudante Alan Somavilla, de 11 anos, da cidade de Estrela Velha, na região central do Rio Grande do Sul. Sem internet em casa, com as aulas suspensas por causa da Covid-19,  o pai do menino montou uma barraca no meio da lavoura para o filho acompanhar as aulas online, onde o sinal era melhor.

Você quer saber o desfecho desta história que repercutiu em todo Brasil?  Alan não precisa mais enfrentar o frio, vento, chuva para estudar na barraca improvisada porque o sinal  precário de internet  na casa dele foi resolvido, nesta quinta, 27, por meio de uma rede de solidariedade.

A empresa Elsys, que tem sede na cidade de Valinhos, no interior de SP, doou e instalou os  equipamentos de internet para a família. Com testes e instalação concluídos ,  o aluno, que está na 6ª série, conseguiu assistir as aulas, dentro de casa, como sempre quis. 

“Estou muito feliz porque agora eu posso estudar dentro de casa, com uma internet muito boa. Muito obrigado por vocês darem essa oportunidade de eu estudar dentro de casa. Obrigado”, disse o jovem.

 

Vaquinha virtual 

Comovidos com o esforço da família humilde,internautas se reuniram e criaram uma vaquinha virtual para arrecadar fundos para melhorar as condições da família Somavilla.

Apesar de conseguir acessar o conteúdo educacional, a barraquinha improvisada era desconfortável, já que está perto de um rio e enfrenta baixas temperaturas ao longo do dia, sem falar das vezes que chove. “A vaquinha é para a família construir uma casa melhor onde possa viver bem e, principalmente, para que o Alan tenha um espaço legal para estudar”, diz o anúncio feito no site Vooa.

Filho de uma família simples, Alan teve que pegar emprestado da escola a mesa e a cadeira para estudar. Até bem pouco tempo atrás, a família não tinha ao menos telefone celular. A aquisição de telefone usado foi feita para tentar garantir o acesso do jovem aos conteúdos de sala de aula.

Além de melhorar o espaço para os estudos do jovem, a vaquinha pretende adquirir um notebook para que Alan possa estudar com maior conforto. Até a publicação desta reportagem, a vaquinha virtual que tinha como primeiro objetivo arrecadar R$ 45 mil, já havia arrecadado R$ 60 mil.

“Meu sonho é ser advogado”

Ao Canal Rural, o estudante da 6ª Série contou que tem o sonho de ser advogado quando crescer. “Eu venho aqui acompanhar as explicações  das professoras e as aulas. Antes não conseguia porque não tinha telefone”, disse o estudante, mostrando a estrutura improvisada feita pela família.

“Quando eu crescer, eu quero ser advogado para ajudar as pessoas.  (…) Quando está chovendo ou está frio, dá uma preguiça, mas eu faço um esforço para vir aqui estudar”, completou.

A mãe do jovem, Dejanira Somavilla, é agricultora e fala com orgulho do filho. “O estudo é muito importante na nossa vida. Sem estudar, a gente não vai a lugar nenhum e, por isso, eu incentivo ele a estudar”, disse.

Família cria sala de aula em lavoura para filho estudar

Foto: Dejanira Somavilla

A diretora da escola, Giovana Carvalho Dalcin, que já foi professora de Alan, também demonstra seu orgulho pela perseverança do jovem . “É muito emocionante e também gratificante para nós educadores  a atitude deste pai em se reinventar e construir para seu filho esta barraca. O local onde ele pudesse dar continuidade aos estudos, pois são atitudes  como estas  que nos dão força  e nos dão coragem  de seguir em frente, mesmo em meio a tantos desafios, como estamos vivendo hoje, acredito ser um momento único que estamos passando, disse.

Giovana diz que essa é a realidade de muitas famílias na região, que são pessoas humildes e trabalhadoras. “Conheço a realidade de cada família  da  nossa escola e sei dos desafios  e das dificuldades que estes estão enfrentando para poder auxiliar  e dar apoio aos seus filhos, pois muitos não têm conhecimento  à tecnologia. O sinal de internet é muito ruim e, em muitos desses lugares inexistente.  Diante dessa dificuldade, e acreditando na importância do estudo  na vida de seus filhos,  as famílias buscaram formas para poder acompanhar as aulas online. Temos alunos que precisam pedir sinal de internet emprestado aos vizinhos, subir em morros, subir em árvores  para que possam ter sinal.  Parabéns aos pais!  A educação é a base de tudo”, finalizou.