Técnica muvuca mistura mais de 30 sementes nativas e é opção econômica de reflorestamento

No oeste da Bahia, produtores gastam até 75% menos do com métodos convencionais de recomposiçãoA técnica muvuca, utilizada no oeste da Bahia, ajuda na redução de custos para a recomposição de áreas de preservação permanente (APPs), medida necessária para o alinhamento das propriedades rurais ao novo Código Florestal. A economia pode chegar a 75% em relação a métodos convencionais de reflorestamento.

A técnica provém da mistura de mais de 30 espécies de sementes nativas, grãos e areia. A prática adotada é a do plantio a lanço, feito por máquinas que trabalham com esteiras. As áreas de plantio precisam estar subsoladas e devem ser gradeadas logo após a semeadura. As sementes também devem sofrer choque térmico antes de serem lançadas na terra.

– O nome muvuca surgiu porque, na verdade, é um conjunto de espécies nativas e agrícolas que a gente mistura. Então virou um nome, um apelido carinhoso para uma técnica que o nome é plantio mecanizado de sementes nativas do cerrado – explica a gerente do programa Cerrado/Pantanal da ONG Conservação Internacional, Georgina Knust Cardinot.

O engenheiro florestal Paolo Sartorelli pontua que a principal vantagem da muvuca é a economia:

– A muvuca requer menos manutenção do que a muda. Se você ainda conseguir mecanizar esse plantio, também economiza financeiramente – destaca Sartorelli.

Na propriedade do produtor rural Vilson Gatto, em Luis Eduardo Magalhães, na Bahia, serão lançadas 470 mil sementes no espaço de um hectare. Da quantia, apenas 4% irá nascer, o que significa que, em dois anos, 4,7 mil árvores diferentes estarão no local. Mesmo com a grande quantidade de sementes que não nascem, o custo do reflorestamento fica muito mais barato.

Na fazenda de Gatto, a primeira área de muvuca foi plantada o ano passado e já apresenta pequenas árvores. Com essas áreas recuperadas, o produtor ficará com a propriedade totalmente legalizada no novo Código Florestal.

As vantagens não são apenas verificadas na vida dos produtores rurais. Os agricultores familiares e assentados da região são responsáveis pela coleta das sementes, que geram renda para trabalhadores que estavam desocupados até então. O grupo de coletadores é previamente cadastrado. Somente em Luis Eduardo Magalhães, são 86 integrantes.

Alguns agricultores recebem mais de R$ 1 mil por mês na coleta de cerca de 200 quilos de sementes nativas. É o caso de Martha Elena Souza, que trabalha com outros quatro irmãos.

– Eu já comprei uma porca que rateia em sete leitãozinhos. Agora, pretendo criar galinhas e tentar crescer a minha casa, que é pequenininha – diz a assentada.

O projeto da muvuca foi desenvolvido para o oeste bahiano pela ONG Conservação Internacional em parceria com a prefeitura municipal e a Monsanto. Mas a técnica pode ser utilizada também em outras regiões.

– O agronegócio é altamente dependente do meio ambiente. Não existe como você pensar a agricultura e agronegócio sem ter um meio ambiente saudável. Então eu entendo que o grande desafio que vem pela frente é cada vez mais as empresas do agronegócio e os produtores rurais conseguirem conciliar as práticas e aproximarem a sustentabilidade das questões estratégicas de suas empresas – observa a gerente de sustentabilidade da Monsanto, Daniela Mariuzzo.

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