Variação do dólar encarece insumos agrícolas importados

Segundo analista da MB Agro, fertilizantes e defensivos já estão mais carosNas últimas semanas a volatilidade do dólar afetou várias culturas no Brasil. No acumulado do ano, a moeda americana teve ganhos de quase 9%, e os reflexos disso começam a ser percebidos com maior impacto no país. Segundo especialistas, o momento não é favorável para o Brasil. A instabilidade do dólar provoca uma inflação que prejudica principalmente para quem importa.

Os fertilizantes e defensivos, por exemplo, já estão mais caros. Para César de Castro Alves, analista da MB Agro, as importações fazem com que o produtor tenha um lucro menor, já que o momento está mais oportuno para os exportadores. Mas isso não é garantia de que o país esteja ganhando com isso.

– Na medida que você tem o real mais desvalorizado, os insumos importados encarecem nossa produção local. Isso vale para grãos por exemplo. Por outro lado, as empresas exportadoras têm se saído melhor porque têm convertido mais moeda estrangeira em moeda nacional com o mesmo preço. No entanto, para quem importa, o equilíbrio de tudo isso tem que ser olhado de caso a caso, porque mesmo exportando por um preço bom, você não importa dando equilíbrio para as contas – explica Alves.

A tendência de fortalecimento do dólar é global devido às incertezas com o comportamento do banco central americano, mas deve ser ainda mais acentuada no mercado doméstico devido às dúvidas também sobre a condução da política fiscal brasileira.

– A maioria das pessoas acha que o real deve sofrer uma pressão para ficar desvalorizado. O Brasil não atrai tanto capital como no passado, então o real deve ficar mais desvalorizado. Por outro lado, isso não ajudaria arrefecer a inflação – diz o analista da MB Agro.

O mês de junho foi considerado atípico na economia brasileira por causa da alta do dólar. Com alta de mais de 4%, a moeda americana estava na casa dos R$ 2,02, mas acabou subindo para a casa dos R$ 2,15, e no dia 30 de junho fechou em R$ 2,23. 

O Banco Central realizou dois leilões de dólar para tentar conter a forte alta da moeda. As operações movimentaram o equivalente a quase US$ 9 bilhões. A alta do dólar foi causada pela decisão do Federal Reserve, o banco central americano, em manter os US$ 85 bilhões de dólares mensais que injetava na economia por meio de compra de títulos.