Pecuária

ABCZ entrega representação no Ministério Público contra certificação de carne angus

De acordo com a associação, há omissão na rotulagem das peças certificados, pois haveria presença de genética zebuína nos produtos

A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) entrou com uma representação junto ao Ministério Público Federal (MPF), nesta sexta-feira (10), contra a Associação Brasileira de Angus, alegando omissão na rotulagem de produtos certificados pela entidade.

Em nota, a ABCZ justificou a ação informando que tem tentado garantir o reconhecimento da presença de genética zebuína na carne certificada como angus no país. “Sem sucesso nas tratativas, nos vimos obrigados a buscar a via judicial para validar o trabalho e a dedicação do criador de carne de zebu”, diz o texto.

ABCZ entra com representação contra carne certificada angus
Foto: ABCZ

A ABCZ informa que a representação foi entregue em mãos ao procurador do MPF em Uberaba (MG), Thales Messias Pires Cardoso. “No documento entregue, estão provas científicas, como um estudo da renomada Universidade Federal de Viçosa (UFV), que comprova que cerca de 50% da genética por trás dos produtos marketiados com outros nomes é de zebu, ou seja, são frutos de cruzamentos. Devendo assim, obrigatoriamente, ser constado o zebu como componente real dessa carne certificada e vendida apenas com o rótulo de taurinos”, diz a nota.

Associação do angus se posiciona

A Associação Brasileira de Angus se manifestou sobre a ação também por nota, informando que até a data não teria sido notificada sobre a representação apresentada pela ABCZ. A entidade afirma, no texto, que o Programa Carne Angus Certificada obedece integralmente à legislação brasileira, “estando respaldado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que são os órgãos habilitados para regrar e autorizar o uso de denominações de raça na rotulagem de produtos cárneos por meio da Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA)”.

“Além das exigências técnicas de acabamento e idade, todos os animais a serem abatidos precisam ter, no mínimo, 50% de genética angus, admitindo-se, desta forma, presença de composição sanguínea de diversas outras raças, com exceção das leiteiras”, indica o texto.

“Atuando desde 2003, o Programa Carne Angus Certificada tornou-se referência em qualidade e padrão no mercado brasileiro. Isso se deve a um trabalho sério construído por meio de uma parceria entre produtores e indústrias e lastreado nas características de qualidade de carne (sabor, suculência, marmoreio) inerentes à raça angus e que se manifestam tanto em animais puros quanto nos cruzados”, conclui o texto assinado pelo presidente da Associação Brasileira de Angus, Nivaldo Dzyekanski.