Assembleia do frigorífico Quatro Marcos com credores é suspensa pela quarta vez

Adiamento, aprovado por 91% dos presentes, decorreu da falta de acordo entre os bancosA assembleia geral de credores do frigorífico Quatro Marcos foi suspensa nesta sexta, dia 29, pela quarta vez consecutiva, sendo remarcada para 4 de março. O adiamento, aprovado por 91% dos presentes, decorreu da falta de acordo entre os bancos, que respondem por cerca de 90% das dívidas, e a companhia.

Apesar do clima pesado da reunião, marcada por desabafos de credores exaustos com a demora das negociações, é alta a expectativa de acordo no próximo encontro. Segundo o diretor executivo do Quatro Marcos, Jonas Salles Filho, as instituições financeiras já sinalizaram positivamente para a possibilidade de aprovação do novo plano de recuperação judicial, disponibilizado no site da empresa na última quarta, dia 27. Porém, não quiseram votá-lo nesta sexta.

A consultoria KPMG, contratada pelo Quatro Marcos a pedido dos bancos, para analisar a viabilidade econômica da empresa, teria entregue apenas ontem à noite relatório ratificando as informações prestadas pela empresa aos credores durante o processo de recuperação, tanto em relação aos balanços já apresentados como sobre as projeções elaboradas para o faturamento. Como tiveram acesso ao documento apenas na véspera da assembleia, alguns credores teriam solicitado tempo para analisá-lo.

Salles afirma, no entanto, que os bancos não quiseram deliberar nesta sexta por conta de detalhes burocráticos.

? Eles não quiseram votar o plano hoje porque não estávamos com toda a documentação preparada. Mas já concordaram com a nossa proposta ? afirmou o executivo do Quatro Marcos, citando escrituras e contratos entre esses documentos.

O plano
O plano de recuperação prevê a obtenção de novos financiamentos no valor de R$ 25 milhões, em dívida ou aporte de capital, para recompor as necessidades de capital de giro da companhia. Também autoriza o Quatro Marcos a “vender, locar, arrendar, onerar ou oferecer em garantia quaisquer bens de seu ativo permanente” nos períodos de carência e de pagamento aos credores.

O documento ratifica o direito de preferência da JBS Friboi na compra das unidades de São José dos Quatro Marcos e Cuiabá, arrendadas pela companhia de capital aberto. Caso a empresa não exerça o direito de preferência, a Quatro Marcos poderá alienar ou arrendar as plantas a qualquer outro interessado, conforme determina o plano.

A proposta de pagamento aos pecuaristas é de 12 parcelas mensais e consecutivas, com o primeiro vencimento 30 dias após a homologação do plano, indexadas à taxa Selic a partir de novembro de 2009 (data de instalação da assembleia).

A proposta dos produtores representados pela Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat) é de que a correção pela Selic seja retroativa a 6 de janeiro de 2009, quando foi homologado o pedido de recuperação judicial do Quatro Marcos.

Os créditos trabalhistas serão integralmente pagos em até 12 meses, contados da data de homologação do plano, conforme propõe o plano. Já para os credores quirografários financeiros, o pagamento do débito seria realizado em 40 parcelas trimestrais, a partir de janeiro de 2012, considerado como valor a pagar o equivalente a 40% do valor total do crédito expresso na relação oficial de credores elaborada pelo administrador judicial.

A dívida do Quatro Marcos sujeita à recuperação judicial soma aproximadamente R$ 350 milhões, dos quais 90% estão concentrados em bancos. Os pecuaristas respondem por aproximadamente 5% do total e os credores trabalhistas, por 3%.

A primeira assembleia geral dos credores do Quatro Marcos, realizada no dia 20 de outubro, foi cancelada por falta de quorum. A segunda convocação ocorreu em 27 de outubro, e, desde então tem sido adiada. A próxima tentativa ocorreu no dia 12 de novembro, quando foi adiada para o dia 3 de dezembro. Nesse dia foi remarcada para esta sexta.