Cepea prevê preços firmes para pecuária em 2015

Mesmo que volte a chover com regularidade em 2015, não há como esperar altas expressivas na oferta de animais para reposição e prontos para abate em curto prazoApesar do cenário macroeconômico bastante incerto e desafiador, as expectativas são de continuidade de preços firmes no mercado pecuário em 2015. A análise é do Cepea.

Segundo relatório agromensal da entidade, a sustentação, em boa parte, deve continuar sendo dada pela oferta ainda limitada, tanto de bezerro quanto de boi magro e de boi gordo. A crescente demanda internacional e a maior retenção de fêmeas reforçam o quadro de, ao menos, manutenção dos níveis atingidos em 2014.

A falta de chuva desde 2013 prejudica não só a engorda dos animais, mas também a taxa de prenhez, o intervalo entre partos e o desenvolvimento de bezerros e garrotes, além de, possivelmente, ter elevado o índice de mortalidade. Como resultado, o número de animais ofertados para abate e o peso das carcaças diminuem. Mesmo que volte a chover com regularidade em 2015, não há como esperar altas expressivas na oferta de animais para reposição e prontos para abate em curto prazo.
 
Do lado da demanda, não se acredita em redução das vendas agregadas aos brasileiros, comparativamente ao ano anterior, embora as cotações elevadas inibam o consumo, especialmente num ano em que a atividade econômica deve ser bastante lenta. Projeções do fim de 2014 apontavam crescimento pequeno do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, abaixo de 1%. A nova equipe econômica do governo Dilma foi recebida com certo otimismo pelo mercado. Há sinalizações de que buscarão o reequilíbrio das contas fiscais e maior controle inflacionário, ainda que, no curto prazo, isso possa significar aumento das taxas de juros e até mesmo de impostos.

Exportações

Para as exportações, as perspectivas são mais positivas, especialmente com a valorização do dólar frente ao Real. A Abiec (Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne) estima que o faturamento com as vendas externas de carne bovina (in natura e industrializada) atinja US$ 8 bilhões em 2015, obtidos com o embarque de cerca de 1,7 milhão de toneladas. Para 2014, prevê-se que o faturamento feche em US$ 7,28 bilhões, o que seria recorde e representaria crescimento de 8,6% na comparação com os US$ 6,70 bilhões arrecadados em 2013.
 
Problemas enfrentados por grandes produtores internacionais bem como a continuidade dos impasses entre a Rússia e alguns países da comunidade internacional devem favorecer as vendas externas da carne brasileira. A aposta do setor é de aumento do consumo de carnes especialmente na China e no Oriente Médio. O Japão também estuda abrir o mercado às exportações brasileiras de carne bovina.

Boi gordo 

Na BM&FBovespa, os contratos do boi gordo também indicam valores maiores para o próximo ano. Apesar das expectativas de continuidades de preços elevados em 2015, o resultado efetivo no bolso do pecuarista vai depender da evolução dos custos, que devem ser puxados por reajustes do salário mínimo e de insumos com componentes importados. Por outro lado, as quedas do preço do petróleo no mercado internacional podem ser um alento. Em resumo, para que a conta feche no positivo, o pecuarista que comprou o bezerro a preço recorde em 2014 precisará produzir com muita eficiência o boi gordo, contando também que o preço da arroba siga firme não só em 2015.

As negociações de animais para abate seguiram lentas no correr de janeiro. Enquanto frigoríficos pressionavam as cotações por causa da dificuldade de venda de carne, pecuaristas tentavam preços maiores alegando preços altos da reposição.

Para o boi gordo, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (estado de São Paulo) acumulou leve recuo de 0,2% no mês, encerrando a R$ 143,43 no dia 30. No mercado atacadista da carne com osso da Grande São Paulo, a carcaça casada bovina se desvalorizou 9,2% no acumulado de janeiro, com o quilo do produto encerrando o mês a R$ 8,40/kg.
 
Já no caso do bezerro, o Cepea constatou aumento dos preços ao longo de janeiro. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (nelore, de 8 a 12 meses, em Mato Grosso do Sul) fechou a R$ 1.261,72 no dia 30, alta de 6,6% em relação ao fim de dezembro/14. A média do bezerro em São Paulo (à vista) subiu 2,5% no mesmo período, a R$ 1.255,03 no dia 30.