Pecuária

PR e RS completam um ano da certificação de área livre de febre aftosa sem vacinação

Na ocasião, a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) também elevou o patamar sanitário dos rebanhos do Acre e de Rondônia

O Paraná e Rio Grande do Sul completam nesta sexta-feira (27) um ano da certificação de área livre de febre aftosa sem vacinação.

O status sanitário foi confirmado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), na 88ª Sessão Geral da Assembleia Mundial dos Delegados da OIE, realizada em maio do ano passado em Paris, na França.

Na ocasião, a OIE também elevou o patamar sanitário dos rebanhos do Acre e de Rondônia.

febre aftosa
Febre aftosa. Foto: Faep

Paraná

Maior produtor e exportador de proteína animal do País, com liderança em avicultura e piscicultura, o reconhecimento internacional tem contribuído para a abertura de mercados para a carne paranaense e outros produtos de origem animal, com a possibilidade de comercialização a países que pagam melhor pelo produto, como Japão, Coreia do Sul e México.

“Nossos rebanhos já não são mais vacinados e há anos o vírus não circula mais no Estado. Com o apoio das entidades do setor produtivo, organizamos toda a estrutura de sanidade animal. Esse reconhecimento vai ajudar a abrir mercado para a carne produzida no Paraná, ampliando os investimentos no Estado, que vão gerar mais emprego e renda para a população”, afirmou o governador Ratinho Junior.

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fetaep), Aparecido Calegari, a parceria entre iniciativa privada e Estado foi essencial para conseguir a conquista. “Graças ao esforço do Governo e aos parceiros do setor produtivo, comemoramos um ano da certificação internacional. O esforço coletivo proporcionou avanços e benefícios, uma vez que esse reconhecimento abre mais mercados para a carne produzida no Paraná”, disse.

“O Estado do Paraná é o maior produtor de proteína animal do País, sendo grande parte produzida pelos agricultores familiares. Eles fazem parte dessa grande engrenagem de sucesso, mantendo seus rebanhos e criações saudáveis, seguindo todas as recomendações sanitárias e, agora, atualizando seus rebanhos para garantir o status conquistado”, completou.

Ágide Meneguette, presidente do Sistema Faep/Senar, afirma que os resultados estão aparecendo e muitos investimentos e sinalizações de novos mercados já estão sendo estruturados no Paraná, como, por exemplo, a construção do novo frigorífico da Frimesa, em Assis Chateaubriand. Além disso, ele explica que o diálogo da entidade é constante com os produtores e que toda a produção foi valorizada um ano após o reconhecimento internacional.

“Percebemos que o produtor rural paranaense está cada vez mais engajado em crescimento, alavancado pelo status sanitário”, afirmou.

Além disso, explica Meneguette, outro impacto positivo do status sanitário foi a redução de custos para o produtor e a possibilidade de mudar o foco para outras áreas da produção. “A dose da vacina de febre aftosa variava no Estado, na média de R$ 1,20. A economia não vem somente no valor de doses, mas no envolvimento de todo o processo: diminui mão de obra; reduz o gasto com insumos, como seringas, pistolas automáticas e agulhas; diminui as lesões ocasionadas pela vacina. É uma economia significativa no protocolo sanitário da propriedade”, disse.

Essa redução, segundo ele, é mais uma oportunidade para o pecuarista dedicar mais atenção em outros âmbitos produtivos ou até mesmo em outras doenças, a exemplo da brucelose e tuberculose.

Rio Grande do Sul

Outro grande produtor de proteínas, o Rio Grande do Sul também comemora a certificação.

“É um dia para comemorar, mas sem esquecer, a cada momento, que a evolução desse status aumenta o nosso compromisso como instituição. Esse movimento representa mercados que estamos conseguindo conquistar, não só em volume, mas também em valor agregado”, avalia o secretário de agricultura, Domingos Velho Lopes.

Um sistema dessa magnitude levou muitos anos para se estabelecer e consolidar.

“Nosso trabalho para a evolução do status não é de agora: começou já em 2010, com os primeiros estudos de análise de risco multicritério. A partir deste trabalho, detectamos as principais áreas de risco de ingresso no Estado, para aplicarmos um trabalho de vigilância dirigida”, conta o chefe da Divisão de Defesa Sanitária Animal, Fernando Groff.

Desde então e até hoje, a Secretaria da Agricultura continua suas atividades de mitigação de risco, com trabalhos em propriedades rurais, eventos agropecuários e fiscalização de trânsito.

“Visitamos, em média, 2% do total de propriedades rurais gaúchas por semestre, o que dá em torno de 5 mil propriedades visitadas por round, totalizando de 10 a 11 mil por ano. Os últimos três semestres tivemos um abalo, por causa da pandemia, com menos visita. Mas, nesse período, foram vistoriadas 2,5 mil propriedades, com 3,4 mil bovinos. Já estamos em torno de 4 mil propriedades vistoriadas neste último semestre”, enumera Groff.

Uma importante ação de vigilância ativa, o programa Sentinela atua em conjunto com as forças policiais na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e a Argentina.

O objetivo do programa, bem como do Guaritas (na divisa com Santa Catarina), é coibir o trânsito ilegal, o contrabando e o descaminho de animais e produtos de origem animal em território gaúcho. Em abril, foi concluída uma série de treinamentos para o uso de drones, a fim de qualificar a fiscalização do Sentinela nos 1,2 mil quilômetros de fronteira que o Estado divide com os dois países vizinhos, abarcando 59 municípios gaúchos.

Além da vigilância ativa, outro ponto primordial para a manutenção do status sanitário é a notificação de qualquer suspeita de que a febre aftosa esteja se manifestando no rebanho. E, para isso, o produtor tem um papel muito importante.

“O Serviço Veterinário Oficial, sozinho, não vai conseguir manter nenhum tipo de doença fora do Estado. Precisamos da cooperação do produtor, revisando seus rebanhos regularmente, comunicando animais com suspeita à inspetoria e colaborando com as ações de vigilância”, destaca Groff.

A comunicação de suspeitas deve ocorrer até 24 horas do provável início da doença. O horário limite de atendimento do Serviço Veterinário Oficial no Estado é de até 12 horas, mas a Seapdr está conseguindo atender a 97% das suspeitas em menos de seis horas.