Rússia compra menos e afeta exportações de carne

Redução de compras da Rússia é principal motivo para queda; desvalorização do petróleo pode ser um dos motivosA redução das vendas de carne bovina para a Rússia é o principal motivo para a queda das exportações do produto em janeiro. Com a demanda reduzida, pode haver impacto no preço da arroba.

Em 2014, a Rússia foi o país que mais comprou carne bovina do Brasil. Mas os russos perderam a liderança neste início de ano. Em janeiro, o país ficou atrás de Hong Kong, Egito e União Europeia. Para o analista Victor Carvalho, a diminuição da importação de carne do Brasil tem a ver com a redução dos preços de outra commodity.

– A queda do petróleo foi um dos fatores que mais impactou. O petróleo, a hora que voltar a subir, volta o poder de compra da Rússia, da Venezuela e do Oriente Médio e aí a gente pode voltar a exportar como no ano passado – diz Carvalho, gerente técnico da Informa Economics FNP.

Em janeiro, o Brasil exportou 96 mil toneladas de carne bovina, 26% menos que em janeiro do ano passado. Já no faturamento, a queda no mês foi de 23%, com US$ 426 milhões. O diretor da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec)  afirma que a retração das exportações já era esperada. A expectativa é de recuperação ao longo do ano, principalmente pela possibilidade de abertura de novos mercados para o produto brasileiro.

– A gente está retomando a exportação de industrializado para os Estados Unidos, que é um reflexo do trabalho feito sobre os resíduos na carne. Tem a perspectiva de retomada de mercados sob embargo. A China e a Arábia Saudita são os principais, mas tem o Japão também e os embarques devem começar ainda no primeiro semestre. E outros mercados, como a abertura da carne in natura para os Estados Unidos – contabiliza Fernando Sampaio.

Outro fator positivo para as exportações é o dólar mais valorizado. A redução das exportações e a demanda interna impactada pelo aumento da inflação são fatores que devem impedir altas expressivas do preço da arroba do boi gordo.

– A gente acredita que seja uma estabilidade. Se realmente as exportações não forem como no ano passado, a gente acredita numa manutenção dos preços nestes patamares bons – aposta Carvalho.