Clima no Sul desacelera captação e preço do leite segue firme, diz Cepea

Valor médio do alimento em agosto foi 18% superior ao do mesmo período do ano passadoA oferta de leite relativamente estável em julho, devido ao clima desfavorável no Sul, e também à entressafra no Sudeste e Centro-Oeste, sustentou os preços em agosto. O valor médio pago aos produtores em agosto, referente à produção entregue em julho, seguiu no mesmo patamar dos meses anteriores, com leve aumento de 0,6% frente ao pagamento de julho, a R$ 0,8698 por litro (preço bruto) ? média ponderada dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e B

O preço médio de agosto foi 18% superior ao do mesmo período do ano passado, em termos reais, com valores deflacionados pelo IPCA de julho de 2011. Em agosto de 2010, os preços estavam em queda, por conta do aumento da produção no período.

O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-Leite) desacelerou na região Sul em julho. Na média ponderada pela produção dos três Estados, houve aumento de apenas 1,7% de junho para julho. O motivo para o menor ritmo de aumento foi o clima desfavorável na região (geadas e frio intenso), que prejudicou a produção de pastagens.

De modo geral, agentes consultados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) no Sul do país comentam que a produção desta safra de inverno de 2011 deve ser inferior à estimada anteriormente, ficando semelhante à do ano passado ? inicialmente, agentes tinham expectativa de que a safra de inverno deste ano fosse de 10% a 15% superior à de 2010. No Rio Grande do Sul, onde o impacto do clima na produção de leite foi maior, o Índice de captação caiu 0,5% no acumulado deste ano (até julho) em relação a igual período do ano passado.

O clima seco no Sudeste e Centro-Oeste e os custos em alta também limitaram a produção de leite nessas regiões. No geral, o ICAP-Leite aumentou 1% em julho, considerando-se a média Brasil (sete Estados). No acumulado de 2011, o Índice reduziu 2,2% frente ao mesmo período do ano passado ? o recuo foi bastante influenciado pela forte retração da oferta em Goiás, de 15% no período.

Para setembro, agentes do setor consultados pelo Cepea acreditam que o mercado deve seguir firme. No segmento de leite cru (mercado spot ? comercialização entre as empresas), os preços têm se sustentado pela menor oferta de matéria-prima, o que acirra a disputa pelo leite entre os laticínios. Vale lembrar que o mercado spot funciona como um “termômetro” para o mercado de leite ao produtor.

Para o próximo pagamento, 50% dos agentes entrevistados pelo Cepea (que respondem por 49% do volume de leite amostrado) acreditam em alta nos preços, enquanto 47% dos agentes (responsáveis por 51% do volume da amostra) esperam estabilidade. Apenas 3% dos entrevistados (que respondem por menos de 0,5% do volume de leite) acreditam em queda nas cotações. Este cenário é verificado tanto na região Sudeste e Centro-Oeste, onde o período é de entressafra, quanto no Sul do país.

Preço pago ao produtor

Em agosto, o maior aumento do preço pago ao produtor ocorreu em Santa Catarina, de 4,6% em relação ao pagamento de julho, com a média a R$ 0,8599 por litro. No Rio Grande do Sul, os preços ficaram estáveis (ligeiro aumento de 0,07% frente a julho), com média de R$ 0,7929 por litro. No Paraná, houve leve recuo de 0,9% entre julho e agosto, a R$ 0,8554 por litro.

Em São Paulo, o preço médio se manteve no mesmo patamar de julho, a R$ 0,9244 por litro (ligeiro recuo de 0,04% em agosto). Em Minas Gerais, a média foi de R$ 0,8827 por litro, aumento de 1,3%. Em Goiás, o acréscimo também foi tímido, de 0,8% em relação ao mês anterior, fechando a R$ 0,8955 por litro. Na Bahia, houve elevação de 2,1%, com a média a R$ 0,7492 por litro em agosto.