Custo alto e pastagem ruim desanimam produtores de leite no RS

Com elevação dos gastos e baixo preço do produto, pecuaristas pensam em abandonar a atividade

Os produtores de leite do Rio Grande do Sul estão insatisfeitos com os altos custos da atividade e com a baixa qualidade das pastagens. Nem o programa lançado pelo governo, que vai aplicar R$ 6 milhões em assistência técnica no estado até o dezembro, anima o setor.

O município de Estrela, a 110 quilômetros da capital gaúcha, é o oitavo maior do país em produção leiteira. Mas o resultado das últimas safras tem sido ruim. A atividade leiteira, essencialmente familiar, reúne mais de 300 produtores na região.

Sérgio Antônio Kafer, teve que vender dez cabeças de gado para cobrir os gastos da produção. Energia, combustível e ração – que encareceu com a alta do dólar -, seriam os principais responsáveis pela elevação dos custos, segundo o pecuarista. “E o preço do leite neste ano é menor do que o do ano passado nesta época”, afirma.

Esta safra seria a mais cara já enfrentada pelos produtores locais, na opinião do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Estrela, Rogério Heeman. Os pecuaristas, diz ele, investiram bastante em tecnologia e estrutura, mas não estão obtendo lucro.

A chuva também prejudicou a produção de leite. A pastagem foi plantada com mais de um mês de atraso na região e o solo ainda está úmido. Em algumas áreas, os animais chegaram a ficar três meses sem acesso ao pasto, resultando em queda no volume ordenhado.

“Menos leite, menos dinheiro”, resume Kafer. De acordo com ele, houve redução de ao menos 15% do que seria normal.

Leite Saudável

O programa Leite Saudável, proposto pelo governo federal, quer melhorar a alimentação do gado leiteiro. Mas o presidente do sindicato rural de Estrela acredita que seja preciso também estimular os produtores a introduzir a silagem nas propriedades, para épocas em que houver falta de pasto.