O Mato Grosso do Sul deve ser livre de vacinação contra aftosa em 2021, segundo meta colocada pelo Ministério da Agricultura em parceria com a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro). Com isso, o estado estará pronto para ser reconhecido internacionalmente em 2023.
“Temos estudos de circulação viral e sabemos que quando se retira a vacinação, inicia a fase de estratégias de vigilância, que não é papel só do estado”, aponta o diretor do Iagro, Luciano Chiochetta, ao convidar suinocultores e avicultores para um trabalho conjunto, que possa acelerar a chegada do status livre de aftosa.
O mesmo convite foi endossado pelo superintendente federal do Ministério em Mato Grosso do Sul, Celso de Souza Martins. “Nosso projeto é participarmos juntos de uma metodologia em que possamos chegar na zona sem vacinação e buscar comprometimento das entidades relacionadas”, pontua. No Paraguai está se conduzindo um trabalho muito bom e, por isso, devemos atingir o status em um calendário semelhante”, destaca.
Durante a reunião na Câmara Setorial da Suinocultura, o presidente da Associação Sul-matogrossense de Suinocultores (Asumas), Celso Philippi Júnior, alertou para uma das maiores barreiras para se atingir a meta: as linhas de fronteira. “Esta é realmente nossa preocupação. Ninguém quer passar o que passamos em 2005, quando nossa cadeia da suinocultura quase quebrou no estado”, ressaltou, ao lembrar os focos da febre aftosa em suínos da região de Eldorado e Japorã, fronteira com o Paraguai.
Em contrapartida, os representantes do setor se mostram otimistas quanto aos prazos, alegando que os produtores têm cumprido à risca os conceitos de biossegurança, aplicando procedimentos eficientes que evitam o contato dos animais com vírus e bactérias, por exemplo. “Nossa única preocupação é o que vem de fora, as fronteiras, porque o trabalho de casa está sendo muito bem conduzido, fazendo de Mato Grosso do Sul uma referência”, reforça o presidente da Asumas.
Dentro do planejamento do Ministério da Agricultura para se atingir o status livre de aftosa, o país foi dividido em cinco partes. A quinta parte é compartilhada com Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Phillipi Júnior lembra o caso de Santa Catarina, que se encontra livre da aftosa, sem vacinação, desde 2007. “A situação naquele estado só foi possível com a mobilização dos produtores, juntamente com a defesa sanitária, que permitiu uma segurança melhor”.
Sobre o bloco que reúne os cinco estados, Martins alerta para a necessidade de se acelerar quanto aos prazos para o reconhecimento internacional, chancelado pela OIE. “Caso Paraná ou Mato Grosso atinja o status de livre de aftosa, antes de Mato Grosso do Sul, acaba cessando o corredor comercial para animais vivos, pois não se pode mandar animais vivos de um estado sem o reconhecimento para outro, já livre da doença. As consequências comerciais aparecem, e não podemos deixar que aconteçam”, pontua.