Preço do suíno vivo não compensa custo de produção no país

De acordo com a APCS, relação de troca entre o produto e insumos registrada nesta semana foi a pior da históriaSegundo informações da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), suinocultores de várias partes do Brasil preparam uma manifestação contra os baixos preços pagos pelo produto. Um ato público está programado para a próxima segunda, dia 2 de abril, durante a AveSui América Latina 2012, em São Paulo.

Neste mês, o preço do suíno acumula queda nas principais regiões do país. De acordo com o Centro de Pesquisas Avançadas em Economia Aplicada (Cepea), no mercado paulista, o preço do suíno vivo acumulava queda de 14% até o último dia 26 de março. Em Minas Gerais, a baixa chegou a 16%.

Segundo a pesquisadora do Cepea, Camila Ortelan, a oferta maior, a demanda mais fraca e as exportações relativamente estáveis levaram as cotações neste mês ao menor nível desde setembro do ano passado. Os produtores reclamam de prejuízos e de pressão cada vez maior sobre o custo de produção, principalmente dos insumos usados na ração.

O preço cai e o poder de compra do suinocultor também. Nos cálculos do Cepea, no mercado paulista, com o valor atual do suíno, o produtor consegue comprar 13,8% menos milho para ração em relação ao começo deste mês. Em março do ano passado, o produtor podia comprar 27% a mais.

Segundo a APCS, nesta semana, a relação de troca produto por insumo é a pior da história. A entidade pede que o governo adote mecanismos de comercialização específicos de milho voltado especialmente para a ração.

Pedro Tosello, suinocultor do município de Limeira, reivindica também a garantia de um preço que cubra pelo menos o custo de produção.

– O produtor não pode produzir e vender carne abaixo do custo de produção. Teria de ter um limite como existe em outros produtos pecuários e agrícolas – pede.

Com o auxílio de 20 funcionários, Tosello cuida da criação de cerca de 600 matrizes, que produzem 15 mil suínos por ano. Ele conta que o custo hoje está em torno de R$ 55,00 por arroba, mas o mercado não paga mais de R$ 42,00. Nos cálculos dele, o prejuízo varia de R$ 60,00 a R$ 80,00 por animal. Para Tosello, o setor está tendo o maior prejuízo de todos os tempos.

– O que a gente está fazendo é reduzir um pouco o plantel, descartando mais matrizes para ver se consegue passar por esse período negativo. Eu não sei se vou continuar na atividade, porque se os preços ficarem muito tempo nos patamares que estão, eu vou pensar seriamente em diminuir a atividade. Acontece que o produtor tem um investimento. Uma instalação para a produção de suínos só serve para produzir suínos – lamenta.

> Confira as variações de preços do quilo do suíno vivo compiladas pelo Cepea até o dia 26 de março:

São Paulo: – 14%
Minas Gerais: – 16%. 
Santa Catarina: – 7%
Rio Grande do Sul: – 5%.

Obs.: No mesmo período em 2011, o suíno vivo acumulava alta em todas essas regiões.