– A divisão de responsabilidades, questões ambientais, sanitárias, remuneração ao produtor e os índices técnicos produtivos estão em pauta. E não somente isso. Acredito que isso venha a ter uma melhor clareza, melhor poder de negociação, ferramenta que estabeleçamos critérios pra que isso possa ser feito de forma mais transparente – disse o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador.
No Paraná, maior estado produtor, com 250 mil matrizes ao ano e mais de 30 mil suinocultores, o desafio é equilibrar os custos de produção com os valores praticados no mercado. De acordo com o presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), Darci José Backes, mesmo com a recente redução nos preços do milho, os criadores ainda trabalham no prejuízo.
– É um grande problema da suinocultura brasileira nos últimos oito anos. Agora estamos tendo novamente prejuízos. Nossos custos e produção estão em torno de R$ 2,70 o quilo. O produtor está tendo prejuízo de 20 centavos na região do Paraná. O governo tem que agir mais forte no preço mínimo. Agora, está no congresso do Estado até ser votado – disse Backes.
Uma das principais metas do setor é aumentar o consumo da carne no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), o brasileiro consome pouco mais de 15 quilos ao ano. A intenção é aumentar mais três quilos por pessoa.
Os ABCS vem trabalhando desde 2009 e conseguiu elevar de 12 para 15 quilos. Agora temos a meta de elevar para 18 quilos até 2015, isso é fundamental para alegar estabilidade ao produtor, pois é a garantia do mercado – disse o diretor executivo da ABCS Fabiano Coser
Se no Paraná o custo de produção é alto, no Mato Grosso são os problemas de logística que tem impedido os produtores de aumentarem os lucros. É o que diz o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Paulo Lucion.
– Como estamos distante dos centros consumidores, o nosso custo de produção gira em torno de R$ 2,30, mas nós temos essa questão de logística. São estradas e rodovias em péssimas condições. Então, fica muito caro. Hoje, temos de frete R$ 0,40. A médio e longo prazos temos ferrovias que estão em projetos e a saída norte seria uma das soluções via fluvial – disse Lucion.
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, também acredita que o principal desafio atual está em conseguir bons números, mesmo com a logística precária observada nas estradas dos principais pontos de distribuição do país.
– Precisamos trabalhar muito forte junto ao Ministério para fazer com que esses grãos cheguem aos Estados produtores. A ABCS vai trabalhar forte nesse assunto também – garantiu Lopes.
No Rio Grande do Sul, a retomada nas vendas para a Ucrânia, país que adquire metade das exportações do Estado, os suinocultores projetam um cenário de recuperação para o segundo semestre.
– A gente vê com muita expectativa que na retomada para o segundo semestre se possa ter os embarques normalizados. Com preços menores e melhor remuneração aos produtores de todo o país – concluiu Lopes.