Produtores debatem formas de incentivar o consumo de carne suína do Brasil

Seminário no RS reúne suinocultores para tratar de divisão de responsabilidades, questões ambientais, sanitárias, remuneração e os índices técnicos produtivosIncentivar o consumo da carne suína no Brasil está entre os principais desafios do setor, que está reunido até sexta, dia 2, no Seminário de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva, no Rio Grande do Sul. Lideranças e criadores de todo o país debatem sobre os desafios e oportunidades da suinocultura dos próximos dois anos. Entre as principais reivindicações, está a aprovação de leis que amparem os produtores integrados, já que 90% deles trabalham nessa modalidade no Estado.

– A divisão de responsabilidades, questões ambientais, sanitárias, remuneração ao produtor e os índices técnicos produtivos estão em pauta. E não somente isso. Acredito que isso venha a ter uma melhor clareza, melhor poder de negociação, ferramenta que estabeleçamos critérios pra que isso possa ser feito de forma mais transparente – disse o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador.

No Paraná, maior estado produtor, com 250 mil matrizes ao ano e mais de 30 mil suinocultores, o desafio é equilibrar os custos de produção com os valores praticados no mercado. De acordo com o presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), Darci José Backes, mesmo com a recente redução nos preços do milho, os criadores ainda trabalham no prejuízo.
 
– É um grande problema da suinocultura brasileira nos últimos oito anos. Agora estamos tendo novamente prejuízos. Nossos custos e produção estão em torno de R$ 2,70 o quilo. O produtor está tendo prejuízo de 20 centavos na região do Paraná. O governo tem que agir mais forte no preço mínimo. Agora, está no congresso do Estado até ser votado – disse Backes.
 
Uma das principais metas do setor é aumentar o consumo da carne no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), o brasileiro consome pouco mais de 15 quilos ao ano. A intenção é aumentar mais três quilos por pessoa.

Os ABCS vem trabalhando desde 2009 e conseguiu elevar de 12 para 15 quilos. Agora temos a meta de elevar para 18 quilos até 2015, isso é fundamental para alegar estabilidade ao produtor, pois é a garantia do mercado – disse o diretor executivo da ABCS Fabiano Coser
 
Se no Paraná o custo de produção é alto, no Mato Grosso são os problemas de logística que tem impedido os produtores de aumentarem os lucros. É o que diz o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Paulo Lucion.
 
– Como estamos distante dos centros consumidores, o nosso custo de produção gira em torno de R$ 2,30, mas nós temos essa questão de logística. São estradas e rodovias em péssimas condições. Então, fica muito caro. Hoje, temos de frete R$ 0,40. A médio e longo prazos temos ferrovias que estão em projetos e a saída norte seria uma das soluções via fluvial – disse Lucion.
 
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, também acredita que o principal desafio atual está em conseguir bons números, mesmo com a logística precária observada nas estradas dos principais pontos de distribuição do país.
 
– Precisamos trabalhar muito forte junto ao Ministério para fazer com que esses grãos cheguem aos Estados produtores. A ABCS vai trabalhar forte nesse assunto também – garantiu Lopes.
 
No Rio Grande do Sul, a retomada nas vendas para a Ucrânia, país que adquire metade das exportações do Estado, os suinocultores projetam um cenário de recuperação para o segundo semestre.
 
– A gente vê com muita expectativa que na retomada para o segundo semestre se possa ter os embarques normalizados. Com preços menores e melhor remuneração aos produtores de todo o país – concluiu Lopes.

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