Quedas no abastecimento de energia já mataram mais de 500 mil aves no Sul

No Rio Grande do Sul, prejuízos dos produtores já somam R$ 3 milhõesPrejuízos com as quedas de energia aumentam no sul do país. No Rio Grande do Sul, o número de aves mortas passa de 500 mil. Em Santa Catarina, morrem, em média, 30 mil aves por semana. Revoltados, os produtores ameaçam entrar com ações contra as concessionárias de energias.

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Na propriedade de Germano Adolfo Sczesny, em Seara, no interior de Santa Catarina,
os prejuízos já fazem parte de sua rotina. Os motores queimaram ou estão danificados devido à inconstância da rede elétrica. Sczesny conta que mais de 60 mil frangos estão no estágio de desenvolvimento. Com as oscilações, ele já presenciou falta de energia elétrica por 12 horas ou mais. Nesses casos, as perdas podem chegar a 50%, com os animais que morrem ou com aqueles que não se desenvolvem mais.

A falta de energia também afeta criatórios no Rio Grande do Sul. De acordo com a Federação dos Trabalhadores em Agricultura do Estado (Fetag), mais de 500 mil aves já morreram. Os prejuízos dos produtores chegam a R$ 3 milhões. 

– Nós temos casos em que os produtores perderam aves com 20 dias. Outros que perderam lotes que estavam prontos para irem ao frigorífico, e também casos de produtores que perderam matrizes, esses só vão poder recuperar receita daqui seis meses – diz o assessor de política agrícola da Fetag, Airton Hochscheid.

A União Brasileira de Avicultura (Ubaf) diz que já comunicou as ocorrências às companhias elétricas. A entidade luta junto ao governo para criar um seguro, no qual os produtores não dependam de brigas judiciais para ter acesso às indenizações oferecidas pelas concessionárias de energia. Entre as alternativas sugeridas pelas entidades que representam os produtores está o aumento da tensão para as zonas agrícolas, que apresentaram crescimento de demanda nos últimos anos.

Para o chefe regional do escritório da Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), de Concórdia, no interior de Santa Catarina, Carlos Rigone, o aumento das plantações de eucalipto próximas à fiação colabora para o problema e, por enquanto, ainda não há plano para sanar as constantes quedas de energia.

A companhia afirma que dispõe do serviço de indenização para aqueles que se sentirem prejudicados ou que tiverem prejuízos decorrentes das quedas. O gerente afirma que desconhece produtores que tenham recebido alguma indenização. 

Diante desse cenário, a Fetag estuda entrar com uma ação contra as empresas que administram as redes de energia elétrica nos Estados mais prejudicados.

– A federação reuniu os sindicatos e as regionais junto com o departamento jurídico da federação. Estamos aguardando até o dia 24 de março, quando reuniremos a documentação e o fechamento dos lotes para que possamos estimar os prejuízos. A partir daí, vamos procurar as concessionárias e as empresas que fornecem energia para procurar um acordo de reembolso desses valores aos produtores, caso não seja possível ingressar imediatamente com uma ação na Justiça para reparar os danos ocorridos – afirma Hochscheid.

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