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'Achei que poderia ajudar o país', diz Nelson Teich

Desentendimentos com Bolsonaro sobre isolamento social e cloroquina podem ter sido o motivo da saída após curto período à frente da pasta

“A vida é feita de escolhas. E, hoje, escolhi sair”, afirmou o ex-ministro da Saúde Nelson Teich nesta sexta-feira, 15, durante pronunciamento à imprensa. Ele pediu demissão do cargo esta manhã.

Na breve fala, Teich agradeceu o trabalho da equipe que o acompanhou e dos profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate. Ele ainda citou que deixará à disposição um plano estratégico com ações a serem seguidas por estados e municípios. Segundo o ex-ministro, um plano de testagens também está pronto para ser implementado.

Sem dar motivos claros sobre a exoneração, Teich reforçou que teve formações escolares pelo sistema público de ensino e se sentiu honrado de defender o Sistema Único de Saúde (SUS) ao ocupar o posto de ministro da área. “Quero deixar claro que eu não aceitei o convite pelo cargo. Aceitei porque achei que podia ajudar o país e as pessoas”, expôs.

Nelson Teich assumiu o Ministério da Saúde no dia 17 de abril, após a demissão de Luiz Henrique Mandetta do cargo. Na manhã desta sexta, a assessoria de imprensa da pasta informou que Teich havia pedido exoneração.

Conflitos

Assim como o antecessor, Teich tinha conflitos de posicionamento com o presidente Jair Bolsonaro em relação ao isolamento social e ao uso da cloroquina no tratamento de infectados pelo novo coronavírus.

Nesta segunda, 11, enquanto realizava coletiva de imprensa no Palácio do Planalto à respeito do plano de isolamento social elaborado para estados e municípios, Teich foi surpreendido ao ser informado por jornalistas de que Bolsonaro havia incluído salões de beleza e academias entre as atividades essenciais. Entre gaguejos, o ex-ministro disse que a decisão sobre atividades essenciais não passava pelo Ministério da Saúde. A determinação seria de responsabilidade do Ministério da Economia e da Presidência da República.

Nesta quinta, 14, durante videoconferência com empresários, o presidente deixou claro que incluiria a cloroquina no protocolo de tratamento de infectados pelo novo coronavírus desde a detecção de sintomas leves. Atualmente, o medicamento só pode ser utilizado em casos graves.

O ex-ministro demonstrava mais cautela sobre a utilização do medicamento. Em coletivas de imprensa, ele já havia reforçado que a cloroquina deveria ser usada apenas com consentimento do paciente, já que o medicamento apresenta diversos efeitos colaterais e não tem a eficácia comprovada no combate à covid-19.